quinta-feira, 23 de junho de 2016

Justiça manda prender ex-ministro Paulo Bernardo e conduz sob vara ex-ministro Carlos Gabas [homem de confiança de Dilma], além de fazer buscas na sede do PT.

A Justiça Federal mandou prender, na manhã desta quinta-feira (23), o ex-ministro petista Paulo Bernardo. Marido da ex-ministra e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento do governo Lula e ministro das Comunicações do governo Dilma Rousseff. O ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, homem de confiança de Dilma, foi conduzido coercitivamente para depor na PF.
Federais fortemente armados, com uniformes de campanha [para o combate] ainda estão na sede do PT em São Paulo No total, foram expedidos 11 mandados de prisão preventiva, 14 de condução coercitiva e 40 de busca e apreensão. Os 65 mandados são cumpridos em São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraná. O jornalista Leonardo Atuch, responsável pelo site Brasil 247, também foi conduzido coercitivamente para depor. As residências do casal também são alvos de mandados de busca e apreensão. Também foi preso, mas em São Paulo, o ex-vereador petista Alexandre Romano, que havia sido preso na Operação Pixuleco, uma das fases da Lava Jato.
O ex-ministro foi preso em Brasília, no apartamento em que ele vive com a mulher, na 309 Sul, quadra residencial onde vivem os senadores. Paulo Bernardo, um dos principais íderes do Partido dos Trabalhadores, é investigado junto com Gleisi Hoffmann pelo recebimento de dinheiro roubado no financiamento da campanha dela ao Senado, em 2010. Nesse caso, ambos foram indiciados.
Operação Custo Brasil, um desmembramento da 18ª fase da Lava Jato, deflagrada hoje, investiga pagamento de propina em um contrato de R$100 milhões da empresa Consist, que fazia a gestão dos empréstimos consignados de servidores federais. Paulo Bernardo seria um dos principais beneficiados pela propina, que dividia entre petistas corruptos 70% do valor do contrato.
Recordamos que um frêmito de otimismo percorreu a alma dos encrencados na Lava Jato quando o STF começou a retirar de Curitiba os pedaços da Lava Jato que não tinham relação com o assalto à Petrobras. A Operação Custo Brasil, deflagrada nesta quinta-feira a partir de São Paulo, revela que os otimistas não tinham noção do que os esperava. O ‘Padrão Moro’ de persecução de corruptos foi exportado para outras praças.
“Não é só Curitiba que faz investigações”, disse o procurador Andrey Borges de Mendonça, um dos membros da filial paulista da Lava Jato. Aqueles que “celebraram com champanhe” a retirada de processos da jurisdição de Sérgio Moro e da força-tarefa paranaense, acrescentou Andrey, “hoje tiveram uma demonstração de que as investigações vão continuar onde quer que estejam”. O esquema de mutretas encabeçado pelo petista Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma, foi desvendado por uma engrenagem estatal que envolveu uma parceira entre a Polícia Federal, a Procuradoria da República e a Receita Federal, exatamente como sucede em Curitiba.
O trabalho dos investigadores foi respaldado pelo magistrado Paulo Bueno de Azevedo, juiz federal substituto da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Versão paulista de Sérgio Moro, o doutor é avesso a entrevistas. Tem noção muito clara do seu papel. Em artigo veiculado em 2013 na Revista do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Paulo Bueno anotou:
“O juiz não pode assumir uma posição de combate ao crime, eis que, nesse caso, estaria no mínimo, se colocando como um potencial adversário do réu, papel que deve ser, quando muito, do Ministério Público ou, em alguns casos, do querelante.”

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