O incêndio da Catedral de Notre-Dame, segunda (15), criou uma onda imediata de solidariedade na França e mundo á fora. A situação é bastante diferente do que ocorreu no Brasil, em setembro do ano passado, quando o Museu Nacional foi destruído pelo fogo. Até hoje, a Associação dos Amigos do Museu recebeu R$ 15 mil de pessoas jurídicas e R$ 142 mil de pessoas físicas no Brasil, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
Pois bem, entre os bilionários que doaram altas somas para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, de Paris, há uma brasileira: Lily Safra. Mulher mais rica do Brasil, dona de uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão (R$ 5,1 bilhões), a viúva do banqueiro Edmond Safra enviou um cheque de € 20 milhões (R$ 88 milhões) aos responsáveis pela campanha de arrecadação no primeiro dia depois da tragédia. Frise-se que dos quase € 1 bilhão (R$ 4,4 bilhões) que eles levantaram até agora, a maior parte ainda não foi entregue pelos respectivos doadores - entre os quais destacam-se Bernard Arnault, do LVMH, e François-Henri Pinault, do Kering, sendo ambas as empresas ligadas ao universo do luxo, já que essa turma por enquanto apenas se comprometeu a eventualmente abrir a mão.
No caso de Lily Safra, que hoje em dia se divide entre as casas que tem em Mônaco, Londres, Nova York e na própria capital francesa, o dinheiro saiu do bolso dela mesmo, lembrando que a socialite apelidada de “Lily Dourada” pela jornalista canadense Isabel Vincent, em razão da aura de riqueza que a consagrou, é bastante querida no país de Emmanuel Macron, onde já recebeu até uma Légion d’Honneur, e tem ainda uma sala batizada em homenagem a ela e seu falecido marido no Museu do Louvre, a Galerie Edmond et Lily Safra, que é inteiramente decorada com mobiliário do século 18, tudo doado pelos dois. (Por Anderson Antunes)
Quanto ao Museu Nacional, a maior doação individual foi de R$ 20 mil e possivelmente teria partido de um cientista ligado ao museu. Do exterior, o museu recebeu R$ 150 mil do British Council e cerca de € 800 mil - que podem chegar a R$ 4,4 milhões - do governo da Alemanha. A reconstrução do Museu Nacional está estimada em cerca de R$ 100 milhões.
"O Brasil não se dá conta disso, mas o que perdemos aqui é muito maior do que o que foi perdido na Notre-Dame. Não estou falando do prédio, mas de uma coleção de 20 milhões de itens, dos mais diferentes países, biodiversidade, animais extintos, múmias, peças de tribos indígenas que não existem mais, é um acervo muito mais importante para a humanidade", disse o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.
Entre as preciosidades do acervo brasileiro estava o crânio de Luzia, ser humano mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, recuperado dos escombros após o fogo. Havia ainda toda uma coleção de múmias egípcias - inteiramente perdida no incêndio.
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