Primeiro, porque nenhum outro parlamentar teve, ou teria, a coragem para colocar a proposta debaixo do braço e aguentar a pressão, da direita e da esquerda. Ou, pelo menos, manifestou interesse. Articular é para poucos e muitos desses não se arriscam a peitar os dissabores que é encarar uma proposta do tamanho da reforma tributária, adiada há 35 anos.
Poderia ter jogado a toalha ainda em 2021, quando apresentou relatório da proposta de reforma tributária e, no mesmo dia, em um rompante, Arthur Lira extinguiu a comissão mista e enterrou o parecer de Aguinaldo. Uma saia justa difícil de esquecer e engolir.
Lira não engoliu o fato de Aguinaldo apoiar a candidatura do deputado Baleia Rossi, do MDB, à presidência da Câmara contra ele. À época, a decisão do presidente da Casa foi entendida como um ato de “vingança”.
Dois anos depois, novo governo, a proposta de reforma volta à discussão e Aguinaldo volta a ser escalado pelo presidente Lula e por Lira. Reconhecem não apenas a qualidade do texto, mas a capacidade de articulação e aglutinação do paraibano.
Aguinaldo, após encerrada a votação, agradeceu aos parlamentares, aos governadores e prefeitos, aos que contribuíram, a sua equipe e repetiu que essa reforma não tem donos, nem lados, é de país. Deu uma lição de que a política e políticos são passageiros, e que o Brasil tem que andar. Ou seja, alguém tem que fazer. Se não for hoje, será amanhã.
A foto, de mãos dadas com Baleia Rossi e Arthur Lira, ao final da votação em dois turnos, fala muito sobre engolir os sapos e fazer a coisa andar.
Claro, Aguinaldo não sai de mãos vazias. Consolida o prestígio já destacado em Brasília, no país e fora dele. A reforma tributária, muito do que o discurso de “quem é a favor ou contra o país”, é necessária.
Se o texto aprovado é o ideal, mais adiante, saberemos. Mas, é preciso esquecer radicalismos, oposição por oposição e reconhecer os avanços e a parte do protagonismo que cabe a Aguinaldo. (com Sony Lacerda)
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