Como era de se esperar, Cássio deu o tom da relação que irá manter com seu adversário até as eleições de outubro. Durante evento que o aclamou representante tucano para o pleito estadual, o ex-governador deixou nítido o abismo que separa sua personalidade política a do agora rival Ricardo Coutinho: “Prefiro ser querido a ser temido”. Aos menos atentos, a frase pode ter sido assimilada por seu sentido mais evidente, contudo, na verdade, guarda um extenso discurso, que, sem dúvida, será mote certo no debate psicológico que irá travar com o “mago”.
A curta frase nada mais é que uma contradição intencional ao ensinamento do pensador Nicolau Maquiavel, autor da obra “O Príncipe” – um dos mais importantes tratados políticos acerca da construção e manutenção do poder. De forma ousada, porém tão sábia quanto mordaz, Cássio contrapôs o célebre pensamento do italiano “É melhor ser temido que amado”, conseguindo, assim, tanto satisfazer o orgulho ferido dos “maltratados” aliados, quanto jogar ‘na cara’ de Ricardo a marca de um ser ‘maquiavélico’.
A curta afirmação soou para mim como a senha cabal de qual caminho seguirá Cássio na construção de seu discurso opositor. Ficou evidente que aproveitará o perfil ‘seco’ de seu adversário contra o próprio, enquanto seguirá pelas ruas distribuindo o que os Cunha Lima guardam como grande trunfo de sua popularidade: a simpatia (os admiradores do irreverente Ronaldo que me corrijam).
Pela que leio, a estratégia de Cássio será a de pegar Ricardo desprevenido, ainda acreditando (como propaga) que o povo paraibano está pronto a aceitar um governante sem qualquer carisma, porém que bem administre. No instante em que Coutinho perceber que grande parte do povo paraibano ainda não enxerga as coisas dessa forma (e a prova está nos números impactantes de sua rejeição) talvez seja tarde demais: Cássio já terá feito o estrago, imprimindo em Ricardo a personalidade de um “patrão” feroz e arrogante; de um governante insensível, diferente dele.
(EM TEMPO: enquanto escrevia este último parágrafo, atentei para uma propaganda televisiva do Governo do Estado tratando do Orçamento Democrático. Na peça publicitária, é marcante o slogam: “É muito bom quando a gente sabe que foi ouvido”. Pois é Ricardo... Ser ouvido é uma forma de se sentir afagado. Por que não pensou nisso antes? Ou melhor: por que não ‘propagou’ antes que estaria disposto a ouvir? Espera aí... Como é que é?! O povo da Paraíba não precisa de afago, precisa de realizações? É mesmo? E o que explica então sua rejeição se as obras estão em curso?).
Enquanto Ricardo continua sem entender por que suas realizações não se convertem em simpatia popular, Cássio é inteligente o suficiente para perceber que não bastam obras para conquistar o carinho alheio, mas a crença que são comandados por alguém que se importa em ‘perder seu tempo’ buscando agradá-los; se esforçando para ser mais sensível à sua dor; tentando ser simplesmente um deles, por mais que ocupe posição de autoridade.
Ora, quem nunca ouviu a sábia frase dos comerciantes de sucesso: “O cliente tem sempre razão”? De que serve, governador, um restaurante de boa cozinha e serviço, se não nos sentimos acolhidos no ambiente? Em outros Estados (talvez no Sudeste frio e sem simpatia) pouco importe se receberá um sorriso na porta: basta que a comida seja boa e que o atendimento (mesmo ‘seco’) seja ágil e eficiente. E aqui na Paraíba, a “terra dos espetinhos na rua” (tão cheios de intimidade proprietário/cliente), as coisas funcionam da mesmo forma, governador?
“Prefiro a humildade ao lado dos amigos, que bonança entre os que me rejeitam”. É assim que o povo pensa, governador. Só o senhor que ainda não percebeu?
Até concordo com sua tese, não nego. Ninguém está votando em um concurso de “pai do ano”, votamos na expectativa que seja um bom administrador. Mas entre um que mesmo competente, mais parece um patrão autoritário, e outro que além das virtudes administrativas, me trata com fraternal atenção, em quem o senhor acha que o eleitor do “Estado do povo acolhedor” irá depositar seu voto? Releia a pesquisa MaisPB/Consult que o senhor talvez vá encontrar sua resposta. "Sou atuante e amigo?", essa é a oferta de Cássio, e a sua?
Cássio sabe que a Paraíba não é a Itália renascentista de Maquiavel (nem nunca será) e que uma gestão só vingará se contar com o povo a seu lado como ‘amigo’, não como mero espectador ou ‘cliente’. O equívoco, na verdade, mora na falta de visão de Ricardo do cenário ao seu redor: ser temido a ser amado cabe a um dono de empresa, não a um líder de uma população de maioria carente (inclusive de carinho). Ser respeitado não me impede de ser querido, excelência. Pense nisso...
A título de reflexão, deixo a paródia: “Em terra de infelizes, quem tem um abraço é rei”.
A curta afirmação soou para mim como a senha cabal de qual caminho seguirá Cássio na construção de seu discurso opositor. Ficou evidente que aproveitará o perfil ‘seco’ de seu adversário contra o próprio, enquanto seguirá pelas ruas distribuindo o que os Cunha Lima guardam como grande trunfo de sua popularidade: a simpatia (os admiradores do irreverente Ronaldo que me corrijam).
Pela que leio, a estratégia de Cássio será a de pegar Ricardo desprevenido, ainda acreditando (como propaga) que o povo paraibano está pronto a aceitar um governante sem qualquer carisma, porém que bem administre. No instante em que Coutinho perceber que grande parte do povo paraibano ainda não enxerga as coisas dessa forma (e a prova está nos números impactantes de sua rejeição) talvez seja tarde demais: Cássio já terá feito o estrago, imprimindo em Ricardo a personalidade de um “patrão” feroz e arrogante; de um governante insensível, diferente dele.
(EM TEMPO: enquanto escrevia este último parágrafo, atentei para uma propaganda televisiva do Governo do Estado tratando do Orçamento Democrático. Na peça publicitária, é marcante o slogam: “É muito bom quando a gente sabe que foi ouvido”. Pois é Ricardo... Ser ouvido é uma forma de se sentir afagado. Por que não pensou nisso antes? Ou melhor: por que não ‘propagou’ antes que estaria disposto a ouvir? Espera aí... Como é que é?! O povo da Paraíba não precisa de afago, precisa de realizações? É mesmo? E o que explica então sua rejeição se as obras estão em curso?).
Enquanto Ricardo continua sem entender por que suas realizações não se convertem em simpatia popular, Cássio é inteligente o suficiente para perceber que não bastam obras para conquistar o carinho alheio, mas a crença que são comandados por alguém que se importa em ‘perder seu tempo’ buscando agradá-los; se esforçando para ser mais sensível à sua dor; tentando ser simplesmente um deles, por mais que ocupe posição de autoridade.
Ora, quem nunca ouviu a sábia frase dos comerciantes de sucesso: “O cliente tem sempre razão”? De que serve, governador, um restaurante de boa cozinha e serviço, se não nos sentimos acolhidos no ambiente? Em outros Estados (talvez no Sudeste frio e sem simpatia) pouco importe se receberá um sorriso na porta: basta que a comida seja boa e que o atendimento (mesmo ‘seco’) seja ágil e eficiente. E aqui na Paraíba, a “terra dos espetinhos na rua” (tão cheios de intimidade proprietário/cliente), as coisas funcionam da mesmo forma, governador?
“Prefiro a humildade ao lado dos amigos, que bonança entre os que me rejeitam”. É assim que o povo pensa, governador. Só o senhor que ainda não percebeu?
Até concordo com sua tese, não nego. Ninguém está votando em um concurso de “pai do ano”, votamos na expectativa que seja um bom administrador. Mas entre um que mesmo competente, mais parece um patrão autoritário, e outro que além das virtudes administrativas, me trata com fraternal atenção, em quem o senhor acha que o eleitor do “Estado do povo acolhedor” irá depositar seu voto? Releia a pesquisa MaisPB/Consult que o senhor talvez vá encontrar sua resposta. "Sou atuante e amigo?", essa é a oferta de Cássio, e a sua?
Cássio sabe que a Paraíba não é a Itália renascentista de Maquiavel (nem nunca será) e que uma gestão só vingará se contar com o povo a seu lado como ‘amigo’, não como mero espectador ou ‘cliente’. O equívoco, na verdade, mora na falta de visão de Ricardo do cenário ao seu redor: ser temido a ser amado cabe a um dono de empresa, não a um líder de uma população de maioria carente (inclusive de carinho). Ser respeitado não me impede de ser querido, excelência. Pense nisso...
A título de reflexão, deixo a paródia: “Em terra de infelizes, quem tem um abraço é rei”.
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