Nascida na cidade de Conceição, no Vale do Piancó, interior da Paraíba, a cantora e atriz Elba Ramalho completa hoje 67 anos de idade, firmando-se cada vez mais como estrela do primeiro time da Música Popular Brasileira. Artista que já experimentou ritmos variados e que tem projeção no exterior (ainda recentemente se apresentou em Portugal), Elba é avessa a partidos políticos e disse, numa entrevista, que é totalmente descrente com os homens do poder. “Eu acho que o artista não tem que ter partido político, ele tem que ter consciência social. Palco é para o artista, palanque é para o político”, acrescentou.
Elba iniciou-se no meio artístico através do teatro. Em 1966, em Campina Grande, participou do Coral Falado Manuel Bandeira, criado pela professora Elizabeth Marinheiro, e chegou a montar o conjunto “As Brasas”, onde tocava bateria. A decisão de trocar a Paraíba pelo Sul aconteceu em 1974, quando partiu para o Rio de Janeiro com o grupo Quinteto Violado. No Rio, trabalhou durante quatro anos no grupo teatral de Luiz Mendonça, na montagem de peças musicais. Participou da Ópera do Malandro, de Chico Buarque de Holanda. A interpretação lhe valeu a indicação para quatro prêmios de Revelação como atriz em 1978. No ano seguinte, gravou seu primeiro disco, Ave de Prata, levando o show com esse nome por todo o Brasil. Tem sido uma das protagonistas de “O Grande Encontro”, juntamente com Alceu Valença e Geraldo Azevedo. Do grupo participava ainda Zé Ramalho, que preferiu seguir carreira solo.
Numa entrevista que concedeu a Severino Ramos para o jornal “O Norte”, Elba Ramalho contou que desde criança tinha predileção pela arte de um modo geral e que “sonhava alto”. “Eu descobri a arte através de Elizabeth Marinheiro; ela foi um dos anjos que me conduziram à literatura, ao teatro, à poesia teatralizada, à música, etc”.
Por dois anos Elba radicou-se em João Pessoa, o suficiente para fazer um conjunto musical chamado The Goldens Girls, formado pelas meninas irmãs dos Quatro Loucos. Na capital, ao lado de Zé Ramalho e Vital Farias Elba se integrou ao pessoal do teatro, passando a expandir sua veia artística. Já no Rio, Chico Buarque foi decisivo para o início da sua carreira, dando-lhe a maior força. “Ele acreditou muito no meu talento e foi outro anjo, padrinho, uma pessoa linda, por quem eu tenho o maior respeito e admiração”, frisou a cantora.
Elba sempre lutou por espaços para a música paraibana e nordestina e, nas entrevistas, costuma mencionar os baianos como exemplo de valorização da cultura local. Na sua última apresentação na Paraíba, no São João de Campina Grande este ano, ela polemizou com a cantora Marília Mendonça questionando a qualidade da sua música do ponto de vista da representatividade do gênero nordestino. “Acho que a música que realmente representa a gente é a de Luiz Gonzaga e de Jackson do Pandeiro. Mas eu sou uma pessoa extremamente democrática e acho que cabe tudo no Brasil”.
Elba Ramalho, quando indagada sobre engajamento político, respondeu que apesar de defender mudanças em benefício do povo, não queria se filiar a partido algum e confessou-se descrente com os homens do poder. “O artista não tem que ter partido político, ele tem que ter consciência social. O palco é para o artista, o palanque é para o político”, reafirmou.
Fonte: “Os Guedes”
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