As candidaturas de Cássio e Veneziano por si mesmas já produzem ruídos de muitos decibéis. Elas representam os maiores confrontos entre dois jovens havidos na Paraíba em qualquer tempo a partir da cidade onde nasceram os dois: Campina Grande. Antes de Veneziano entrar na rinha, Cássio era o Galo Chantecler – o mais formoso e ao mesmo tempo o mais briguento do terreiro. Nenhum outro lhe batia em beleza e na arte de destroçar adversários. Mas, quando a fama chegou ao auge e seu terreiro já se havia expandido para o Estado todo, surgiu em Campina outro galo, pertencente a outra linhagem mas com valentia surpreendente e esporões afiados e desafiadores. E com plumagens longas. Ninguém mais falou em um galo único. E como era de se esperar quando os dois galos briguentos de raças diferentes ocuparam o mesmo território, “o peneiro avoou”, como bem diria o matuto ao notar os primeiros arranca-rabos. Ou arranca-penas. Mas a maior de todas as brigas programadas está apenas começando. Entrou em cena também o galo preto – o galo esguio e o mais perverso dos galos, segundo historinha contada por Helder Moura e Clilson Jr. Depois falo disso.
BRIGAS PELO SENADO
Enquanto o cenário da rinha pro governo parece definido envolvendo galos grandes de naturezas diferentes – entre eles um que nunca conheceu nem sentiu na pele os esporões dos outros – a rinha senatorial parece vazia. Ou falta galo de raça ou os galos estão amofinados, ou estão estudando o terreiro. Ou, então, esses galos são fracos e espertos demais: querem um encosto dos galos grandes da rinha principal – uma espécie de transfusão de coragem e sangue, uma energização.
Enquanto o cenário da rinha pro governo parece definido envolvendo galos grandes de naturezas diferentes – entre eles um que nunca conheceu nem sentiu na pele os esporões dos outros – a rinha senatorial parece vazia. Ou falta galo de raça ou os galos estão amofinados, ou estão estudando o terreiro. Ou, então, esses galos são fracos e espertos demais: querem um encosto dos galos grandes da rinha principal – uma espécie de transfusão de coragem e sangue, uma energização.
A musculatura atual de Cássio e a indefinição da coligação de Veneziano servem para inibir esses galináceos frouxos. Todos batem asas e cantam, ciscam e rodeiam em volta do Galo Chantecler, o mais famoso do pedaço, o mais festejado. Nenhum faz corte ao galo preto – ele é brigão demais e sua torcida em redor da rinha é diminuta. Ninguém gosta dele nem aposta nele, por causa de seu jeitão soberbo, temperamento desequilibrado, que bate para todos os lados e fere, maltrata e mata até os mais próximos de seu próprio galinheiro. Galo preto é um predador solitário que causa espanto e medo.
Na realidade, a disputa por uma vaga só no Senado amedronta os pretendentes. É nessa área onde acontecem os fatos mais pitorescos, que impressionam pela falta de correção e coerência. WILSON SANTIAGO, de quem Cássio tem mágoas profundas por causa da disputa judicial que trava para tomar seu mandato de Senador no tapetão, quer Cássio a qualquer custo, mesmo tendo de pedir-lhe desculpas e perdão (sem retirar a ação). WILSON terá de gastar muito dinheiro (e pode) mas prefere gastar mais ainda se tiver segurança e certeza e menor risco. Mas, como ficar com Cássio, que é eleitor de Aécio Neves, se WILSON é aliado de Dilma? Como explicar essas contradições tão graves?
AGUINALDINHo, que surpreendeu muito ao chegar em pouco tempo ao Ministério de Dilma, dando prova indiscutível de capacidade de articulação, nem por isso ampliou no Estado sua densidade eleitoral. Continua do tamanho de um deputado federal – o que não é pouco, nem muito. Mas procura Cássio diretamente ou através de interlocutores: quer ser candidato a Senador ao lado dele. Já tem os recursos necessários. Mas, como pode um ministro de Dilma procurar uma composição com o maior adversário dela no Estado, o cara capaz de derrotá-la na Paraíba? Essas contradições são infames. Servem para a gente compreender, tolerar, ou apenas para se ter dó e pena de nós mesmos?
Passando por RÔMULO GOUVEIA, que é um grande candidato avulso mas entrou na roleta russa para tentar salvar o galo preto, Wellington Roberto e Cícero não se expõem à desmoralização. Eles sabem que a verdadeira política não é reronda – tem lados. E não ficam saltando de um lado pro outro como quem não tem opinião ou compromissos.
Mas há dois enigmas que podem sacudir o terreiro e balançar as rinhas em pouco tempo. Saiba quais são e como eles se movimentam nos bastidores. No próximo artigo, sexta-feira, os enigmas serão decifrados. (com Gilvan Freire)
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