Em entrevista concedida à revista Isto É, o novo corregedor do Conselho Nacional de Justiça promete não recuar no trabalho de afastamento dos maus juízes, a que chama de "maçãs podres". Aos 60 anos de idade e 24 de magistratura, o pernambucano discreto armou-se de propostas polêmicas para começar o mandato de dois anos. Nesta entrevista, o ministro Francisco Falcão diz que prepara o corte dos salários de juízes que ganham mais do que os ministros do Supremo Tribunal Federal, que é de R$ 26,7 mil mensais. "Vamos cortar", anuncia. Falcão também defende que todas as autoridades públicas sejam juízes, sejam parlamentares ou integrantes do Executivo - abram dados do Imposto de Renda na internet. E citou a existência de juízes TQQ na Paraíba, que são àqueles juízes que vão ao fórum da comarca somente nas terças, quartas e quintas-feiras.
Veja, abaixo, trechos da entrevista:
ISTO É - Na sua posse, o sr. investiu contra o que chamou de "maçãs" do Judiciário. É o equivalente, no seu vocabulário, aos "bandidos de toga" a que a ministra se referia? O sr. acha que ela foi feliz na expressão, criticada por entidades de juízes?
FRANCISCO FALCÃO - Eu não queria fazer esse comentário. Foi uma expressão que ela usou, e ela mesma me disse que não foi para chamar todo mundo de bandido. O que ela quis dizer é que havia maçãs podres, o mesmo que estou dizendo agora, só que eu acho que não é essa quantidade tão grande. Existe uma minoria, que espero que seja uma minoria mínima, do que eu chamo de maus juízes, de vagabundos. E essas maçãs podres é que temos de extirpar do Poder Judiciário, sob pena de prejudicar a imagem da instituição.
ISTO É - Qual será o seu método para chegar aos maus juízes?
FRANCISCO FALCÃO - O meu trabalho é exatamente trabalhar com as corregedorias. Onde os corregedores não punirem, nós vamos agir. E punir quem estiver errado. Inclusive o corregedor, se for o caso.
ISTO É - O que exatamente o sr. chama de maçã podre?
FRANCISCO FALCÃO - As notícias que correm são de que aqui e acolá, num tribunal ou em outro, é comum ter essas pessoas que se desviam do interesse público para o interesse privado. A corrupção é algo intolerável, mas há também os maus juízes, aqueles que não trabalham, que não residem na comarca. Um dos pontos da nossa administração vai ser garantir a presença do juiz no local de trabalho. Hoje você vai a uma comarca do interior da Paraíba, por exemplo. O juiz está lá terça e quarta-feira. Segunda, quinta e sexta-feiras, não tem ninguém.
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