Aguinaldo Ribeiro deixou o páreo prometendo continuar integrado ao esquema político de João Azevêdo, inclusive, colaborando nas definições que, agora, terão que ser aceleradas, diante da visível perda de tempo que já ocorreu em meio ao processo desgastante da definição de alternativas. O governador chegou a formalizar, de público, o convite a Aguinaldo para segui-lo na batalha eleitoral, mas tinha conhecimento de um obstáculo no meio do caminho – a posição do “Republicanos”, presidido pelo deputado Hugo Motta, de apoiar o pré-candidato ao Senado Efraim Filho (União Brasil), mesmo mantendo alinhamento com a candidatura de Azevêdo. Ribeiro lutou para remover esse obstáculo e buscou os préstimos do próprio governador para a tarefa de convencimento de deputados do Republicanos, mas não houve acerto possível, até porque, de resto, desde o ano passado o deputado Efraim vinha costurando acordos, quando ainda estava na base oficial.
Dizia-se, ontem, em rodas políticas, que a responsabilidade foi transferida para o Republicanos, apesar do deputado Hugo Motta ter sido claro ao enfatizar a dupla posição do partido na eleição majoritária. A pressão, no momento, é para contemplar o partido de Motta na chapa – ora ao Senado, ocupando a vaga que seria de Aguinaldo Ribeiro, ora à vice-governança, que vinha sendo pleiteada por expoentes da legenda, a exemplo do deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa do Estado. Aguinaldo despediu-se do papel como pré-candidato ao Senado mandando recado a outros partidos da base. Disse que, na política, “a gente tem que ter um lado: ou se é governo ou se é oposição” e que “não há meio termo” nessa questão. A manifestação foi interpretada como desabafo diante do “moedor de carne” que Aguinaldo sofreu para se firmar no páreo senatorial.
Fontes próximas ao governador João Azevêdo não esconderam que ele ficou decepcionado com o rumo dos acontecimentos. A alegação é de que o governador quebrou lanças efetivamente para ter o deputado do PP na sua chapa, não só pelo reforço partidário que atrairia mas também pelo peso político que poderia carrear em Campina Grande, segundo colégio eleitoral do Estado, onde ele tem base principal. Um exemplo de que Azevêdo não foi indiferente à pretensão de Aguinaldo foi a resistência do governador em fechar apoio à pré-candidatura do deputado Efraim Filho, o que fez com que o parlamentar do União Brasil se bandeasse para a oposição, integrando, desde então, a chapa encabeçada pelo deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo do Estado. Por outro lado, Aguinaldo foi criticado por não ter avançado na divisão de suas bases à Câmara Federal nem na interlocução com deputados de outros partidos que poderiam respaldar uma ambição majoritária.
Enfim, a comédia de equívocos em que se transformou o processo para confirmação de Aguinaldo ao Senado foi agravado pela pressão do pai do deputado, o ex-prefeito Enivaldo Ribeiro, para que Azevêdo fosse mais diligente na tomada de posição, e pela insistência da irmã dele, a senadora Daniella Ribeiro, em declarar que não se considerava integrante da base governista. Daniella, inclusive, fez movimento vitorioso para deixar os quadros do PP e ganhar o controle do PSD no Estado, numa estratégia para acumular forças e favorecer teoricamente o “clã” familiar. De nada valeu essa coreografia, diante de outras dificuldades sobre as quais a senadora não tinha poder de ingerência. Os acontecimentos das últimas horas estão impondo ao governador João Azevêdo atitudes mais firmes na condução das tratativas para formação da sua chapa, até como manobra para não sofrer desfalques ou novas defecções, depois de ter perdido o senador Veneziano Vital do Rêgo, a vice-governadora Lígia Feliciano e o deputado federal Efraim Filho.
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