quinta-feira, 20 de março de 2014

"crônica de uma rejeição anunciada" implodiu Rômulo- com Paulo Santos

No dia em que completa mais um ano de vida o presidente do PSD da Paraíba, Rômulo Gouveia, recebeu um verdadeiro "presente de grego" do PSB: o presidente estadual do condomínio socialista, Edvaldo Rosas, disse em alto e bom som que a candidatura do vice-governador a senador ainda não tem o respaldo do partido que abriga o governador Ricardo Coutinho. Por essa ninguém esperava. O próprio Rômulo veio a público, há poucos dias, para informar que num eventual desembarque do senador Cássio Cunha Lima da candidatura à reeleição de RC ficaria ao lado do ocupante da principal cadeira do Palácio da Redenção e que com ele faria "dobradinha" na chapa majoritária.
Tudo indica que, neste 19 de março, Rômulo Gouveia teve seu dia de Luciano Agra: recebeu cartão vermelho no jogo sem saber porque está sendo expulso. Foi assim com Agra que, julgando-se onipotente dentro do PSB na candidatura à reeleição, foi abatido em pleno voo pelo chamado "fogo amigo" e agora zanza pelos quatro cantos do Estado como o fantasma que quer assustar Ricardo Coutinho também numa chapa majoritária. Essa decisão do PSB pode ter sido surpresa para a maioria que acompanha negociações políticas na mesma proporção em que o morador do 30º andar de um prédio vê movimento na rua em frente, mas para quem acompanha o Governo nestes seus três anos de duração é a chamada "crônica de uma rejeição anunciada" por vários motivos.
Em primeiro lugar Rômulo nunca usufruiu de prestígio dentro do Governo à altura do seu cargo, com vários dos seus pleitos sistematicamente rechaçados por secretários, mesmo que tenha conseguido amealhar um razoável exército de comissionados que catapultaram seu nome nas diversas regiões tentando viabilizá-lo para o Senado. Em segundo lugar, o rompimento do senador Cássio Cunha Lima com Ricardo Coutinho respingou em Rômulo porque, além de ter sido fiel escudeiro do poderoso clã campinense durante décadas, não recebeu qualquer apelo público para discutir sua candidatura a senador com os tucanos, o que revela falta de densidade eleitoral. 
RC e seus “falcões” devem ter percebido a indiferença de Cássio pela candidatura de Rômulo ao Senado após anúncio de debandada e podem ter decidido refazer as estratégias para construção da chapa majoritária definitiva. Opções é que não faltam no tabuleiro do xadrez político. Essas opções mais visíveis para o esquema de Ricardo Coutinho, na vaga de senador, não são tão amplas quanto as de Cássio, mas há um “namoro” com o ex-senador Wilson Santiago (PTB), não descartando o também ex-senador Ney Suassuna.
Já o líder campinense pode articular com o próprio Santiago, com Wellington Roberto (PP), com Aguinaldo Ribeiro (PP) e soluções caseiras como Cícero Lucena e Ruy Carneiro. É bem verdade que, num primeiro momento, Rômulo tentou reagir com altivez ao “chega pra lá” dado pelo presidente do PSB, mas só isso não basta. O vice-governador, experiente no trato com a política paraibana, sabe que não irá muito longe num voo-solo para senador sem o apoio de um dos dois que vão disputar o Palácio da Redenção, Cássio e Ricardo.

Nenhum comentário: