O governador Ricardo Coutinho (PSB) classificou como uma farsa a Federação brasileira durante entrevista à CBN Paraíba, nesta terça-feira (11). Para o gestor, tem havido a descentralização de serviços, com mais atribuições sendo repassadas a estados e municípios, porém, sem a correspondente partilha do bolo tributário. A consequência disso, ele garante, tem sido a maior dificuldade para a população. A 20 dias de deixar o governo, o socialista diz que não haverá solução para a prestação de serviços, sem que haja uma reforma que beneficie os estados e municípios. Tudo por causa do impacto trazido para as contas públicas com o arroxo nos repasses de recursos federais.
“A Federação brasileira é uma farsa. A federação brasileira, ela distribui as responsabilidades e pouco distribui os dinheiros para poder manter estas responsabilidades. Se você olhar bem nos últimos 30 anos, você municipalizou trânsito, descentralizou trânsito, descentralizou educação, descentralizou saúde, descentralizou tudo e quando você vai ver a composição dos gastos, ela continua tão concentrada como era anos atrás na esfera federal”, ressaltou Ricardo Coutinho. Ele citou a situação do atendimento de saúde no Estado. Garantiu que, proporcionalmente, a Paraíba tem a maior rede hospitalar do país. “A Paraíba, em 2010, gastava por mês R$ 13 milhões com o custeio hospitalar e dos R$ 13 milhões, R$ 8 milhões vinham do SUS”, ressaltou.
O governador diz que de 2010 para cá, os investimentos estaduais no setor aumentaram e os federais reduziram. Coutinho assegura que, hoje, a Paraíba investe R$ 85 milhões no custeio dos hospitais. Já a contrapartida do governo federal caiu de R$ 8 milhões para R$ 4 milhões. “Ou seja, nós assumimos cada vez mais (atribuições). E tínhamos que assumir. E se não assumíssemos, o que é que aconteceria aqui dentro? No meio de tudo arboviroses, o vírus da zika, enfim, uma série de coisas que nós precisamos enfrentar. E o governo federal vem reduzindo os recursos com esse grande ataque que é o teto de gastos”, criticou o gestor. Ele reclamou, também, da dificuldade de liberação dos empréstimos internacionais pelo atual governo.
“O caminho da Paraíba é lutar para que seus direitos sejam respeitados. Nós temos letra B, que quer dizer equilíbrio fiscal. Nós temos direito a financiamento. O governador João Azevêdo tem direito de contrair financiamentos. Vamos avançar com o Banco Mundial”, destacou o governador.
Jair Bolsonaro
O governador Ricardo Coutinho disse não acreditar que haverá discriminação contra o Nordeste no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Ele diz que, apesar de ser uma farsa, o federalismo precisa ser respeitado. “Não vai poder abrir para uns e discriminar a Paraíba”, ressaltou. E continuou: “Acho que a realidade vai se impor sobre arroubos e bravatas. Qual é a realidade? Tratar de problemas comuns”. O gestor diz acreditar que o sucessor vai traçar um plano de investimentos para o estado, dando continuidade ao trabalho atual.
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