Um grande ensinamento guardo comigo: não há nada mais barulhento que o silêncio. É no calar de nosso íntimo que escutamos a voz ensurdecedora daquela que inevitavelmente conhece o mais escondido de nossos pensamentos e pretensões: nossa consciência.
Ora, se nosso silêncio nos traz tanto tormento, o que dizer do poder do silêncio alheio? Como agir diante da não expressão desse alguém, quando o que mais queremos é o esboço do menor sinal para calcularmos nossa reação?
2014 se aproxima: será Cássio candidato? A resposta ainda não sei (talvez nem mesmo o senador), porém aposto que perturba menos o governador Ricardo pensar no confronto com o ex-governador, que viver a agonia de não poder agir com antecedência: “Devo cortar logo os espaços de Cássio, ou seria precipitado fazê-lo, perdendo o trunfo que hoje me garante folga à frente de meus certos rivais?”
Como se não bastasse a dúvida natural, ainda mais ‘fulminante’ foi para Ricardo a curta resposta de Ivandro Cunha Lima, ao ser impelido a dar fim ao mistério: “Cássio está calado”.
Então, Ricardo, o que fazer diante de um adversário de guardas abaixadas? Ou pior, como agir diante de um misterioso aliado tão necessário quanto perigoso? Quanta dúvida... Alguém discorda que seria menos doloroso para Coutinho um ‘soco’ de Cássio, que seu devastador silêncio? Pelo menos os ferimentos demorariam menos que a tão esperada decisão do senador.
Pelo que andei sabendo, enquanto o mistério não se desvenda, a estratégia preventiva é a do ‘alisar e soprar’. Para as mentes mais maquiavélicas do grupo, as coisas precisam funcionar assim: ficam bloqueados na administração novos espaços para o grupo cassista; é dado o gelo nos de mais baixo escalão do bloco; hostiliza-se os mais ‘exaltados’ defensores do senador; investe-se pesado nas bases eleitorais do ex-governador, enquanto é mantido tudo o que já foi dado, sem esquecer de evidenciar incansavelmente a bela foto dos dois líderes sempre sorrindo, lado a lado.
Sobre a manutenção dos cargos aos cassistas, digo que permanecer assim não se trata apenas do medo de uma precipitação ‘suicida’, mas por que tirá-los não surtiria o efeito desejado, a não ser o racha declarado. Realmente penalizaria Cássio deixá-lo sem nada? Lamento os que insistem que sim. Esquecem que na última (e curta) gestão de Maranhão, além de não ter mais nas mãos o Governo e a prefeitura de Campina Grande, Cássio passava a impressão de ter perdido até seu futuro? Quais cargos teve os ex-governador para abrigar os seus, depois daquele ‘baque’? E aí, ele ‘morreu’ por conta disso? O que testemunhamos depois, meus caros, foi vê-lo ‘achar petróleo’ no fundo do poço, não seu fim.
O que mais maltrata no silêncio de Cássio é a forma como é feito. Na verdade, pensando melhor, o que mais maltrata não é isso, mas sim o tempo. E ele está passando. Porque, pensem bem, onde há silêncio em Cássio, se todas as vezes que é questionado sobre sua pretensão de candidatura, ele nega? Ora, responder não é calar.
Na verdade, amigos, esse tão agoniante silêncio construímos dentro de nós, por que sabemos que a política é como as nuvens: o que se vê agora, pode não ser o mesmo daqui a poucos minutos.
Mas a dúvida existe, e incomoda. Não vou negar que fico imaginando o governador Ricardo Coutinho, incomodado por seu ‘silêncio’ na hora de dormir, a divagar sobre o futuro: “Será que devo logo cortar as asas de Cássio enquanto é tempo, ou estou jogando fora me maior trunfo eleitoral? E se Cássio realmente não sair candidato em 2014, não terei dado à oposição a chance de vencer?”. Francamente, não queria estar na pele dele...
E você, o que faria se estivesse em seu lugar? Romperia logo, daria chance ao incerto ou confiaria na palavra de Cássio e apostaria tudo na manutenção da aliança?
Por: Luís Alberto Guedes - Bacharel em Jornalismo pela UFPB. Atualmente é acadêmico da Faculdade de Direito e pós-graduado em gestão pública na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
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