A professora e historiadora Anita Leocádia Prestes esteve semana passada em João Pessoa e Campina Grande para ministrar palestras sobre os 90 anos da Coluna Prestes. Um dos movimentos políticos mais importantes do século XX, no Brasil. Anita é filha do “comandante” da Coluna, o revolucionário e político brasileiro, Luís Carlos Prestes. A mãe dela era a também revolucionária Olga Benário, alemã, que morreu num campo de concentração Nazista, onde Anita Leocádia nasceu e 14 meses depois foi entregue a avó.
A professora é atualmente a principal responsável pela manutenção e fortalecimento da história da Coluna Prestes, que percorreu 25 quilômetros pelo país, passou por 13 estados e derrotou muitas tropas do governo Arthur Bernardes, entre 1924 e 1927. Os integrantes da coluna, entre eles tenentes e oficiais do Exército, lutavam junto com o povo para que, segundo Anita, o governo da época respeitasse a constituição de 1891. Uma das lutas era a do voto secreto e de uma Justiça Eleitoral livre das influências das oligarquias da República Velha.
A marcha pelo país, de acordo com a professora, que me concedeu uma entrevista no Centro de Humanas da UFPB, era também uma maneira de denunciar e pedir apoio para que se estabelecesse uma luta contra a pobreza da população e a exploração das camadas mais pobres pelos líderes políticos. Para Leocádia, a Coluna mostra a força que o povo brasileiro tem de lutar, quando acredita numa causa e possui um líder que confie.
A coluna prestes deixou um rastro marcante na Paraíba, em 1926, quando na cidade de Piancó, uma das frentes do grupo assassinou uma das lideranças da região, o Padre Aristides, e outros moradores da cidade. A morte deles teria sido o resultado de uma trama motivada pelas disputas locais, que envolveu os revolucionários da Coluna. Um episódio ainda cheio de mistérios. A história da “epopeia brasileira”, como diz Anita, tem também suas versões diferentes. Há estudos, livros publicados que se contrapõem ao caráter heroico da marcha e relata que a “caminhada” levou violência, saques e estupros por onde passou.
Anita não refuta completamente as versões, até entende que elas existem, mas deixa claro que o povo brasileiro precisa descobrir que a luta de seu pai e dos integrantes da marcha era pelas reformas sociais, econômicas e contra qualquer acordo com as velhas oligarquias. A batalha, segundo ela, era para acabar com problemas que até hoje estão vivos nos rincões e grandes cidades do país. A professora tem dois livros publicados sobre o assunto. Um profundo relato da história que ela viveu, fez parte e eternizou. Como ela disse, é um episódio que não deve ser esquecido porque é um passado para entender o presente. Para que o futuro seja melhor. (Por Laerte Cerqueira)
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