A secretária estadual da Educação, Márcia de Figueiredo Lucena Lira, disse em recente entrevista concedida em Campina Grande - à qual o Blog Carlos Magno teve acesso - que as mais de 200 escolas fechadas por determinação do governador Ricardo Coutinho (PSB) em toda a Paraíba funcionavam, na verdade, como "unidades de vagabundagem".
No final de 2011, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação no Estado da Paraíba - Sintep, o governador decretou o fechamento de 223 escolas em toda a Paraíba, número que equivale a 22,45% do total de unidades que estavam em funcionamento no Estado. Segundo Márcia, nestas escolas os professores e demais profissionais educadores ganhavam dinheiro sem trabalhar, porque, simplesmente, não existiam alunos.
Das 223 escolas fechadas, 36 localizavam-se no Vale do Piancó - sendo a maior parte na zona rural. Mais da metade dos municípios tiveram escolas fechadas. Itaporanga, por exemplo, perdeu seis unidades: A escola Misericórdia Velha (a mais antiga do município, na Vila Mocó) e as das comunidades rurais de Belo Horizonte, Barrocão, Cravoeiro, Jardim do Baião e Cardoso. Em Conceição, foram fechadas as escolas Manoel Martins, Maria Soares, Ana Figueiredo, Campos Velho e Manoel Martins. Já em Piancó, foram fechadas as escolas Edvaldo Leite de Caldas, Taperas, Isídro Veras, Junco e Antônio Silva Lacerda.
Os critérios adotados para o fechamento das unidades era o quantitativo de alunos abaixo do exigido por lei e turmas multisseriadas, o que não é mais permitido. Há também casos em que elas funcionavam em prédios municipais, impossibilitando investimento estadual, segundo o atual governo. Além de ter deixado muito aluno sem escola, o governo também deixou muita gente sem emprego já que houve demissão de milhares de prestadores de serviço da educação. Em 2011 foram cerca de 35 mil e em 2012 outros 15 mil prestadores demitidos.
Um contraponto ao que afirma a secretário, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) divulgou relatório revelando que, no período entre 2012 e 2013, período que coincidiu com o fechamento das 223 escolas, o número de matrículas na rede estadual caiu 25,34% na Paraíba - percentual muito próximo ao de escolas fechadas (22,45%). De acordo com o relatório, no período de um ano o número de matrículas da rede estadual caiu de 343.300 matrículas (2012) para 256.278 (em 2013) sem que tenha havido diminuição na população da Paraíba.
Confira o que disse a secretária: "Eu tenho visto na televisão alguns agentes políticos indo dizer, falar ainda do fechamento de escolas, que foi feito por esse governo. Eu queria chamar a atenção da população e de vocês que são responsáveis pela comunicação de que isso seja uma coisa bem clara e bem resolvida. O que nós fizemos foi botar em prática uma lei que existia desde 2001 e certamente faltou coragem política para isso, que é reordenar a rede estadual, botar a escola em funcionamento a partir das etapas de ensino e com isso nós encontramos muitas unidades sem funcionamento, mas com pleno grupo de trabalho lá. Ou seja, pessoas recebendo salário sem ter aluno. E isso foi o que nós fechamos. Quem é que defende a manutenção da abertura de um canal de escoamento de recurso público como esse? Ou seja, não era unidade de trabalho, era unidade de vagabundagem. Quem é que defende isso? Então, vamos prestar atenção nisso porque o que nós fizemos foi o reordenamento da rede, que possibilitou abrir 36 mil vagas para o ensino médio no primeiro ano e 100 mil vagas no segundo ano. Isso é fazer educação."
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