Após reunião entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice-presidente Michel Temer (PMDB), neste domingo (9), cujo pauta era acalmar os ânimos dos deputados peemedebistas, o que se viu nesta segunda-feira (10) foi o contrário: aumentou o acirramento dos ânimos do PMDB. Pois, Dilma além de se negar a dar um sexto ministério à legenda tomou a decisão de tentar isolar o líder do partido na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ) que imediatamente devolveu o recado dizendo que ao tentar isolá-lo a presidente estaria isolando mesmo era a bancada.
E para mostrar que tem gás pro embate com a presidente, o líder peemedebista (foto ao lado, aonde aparece em segundo plano outro deputado paraibano Manoel Júnior) prepara a partir desta terça-feira (11) uma série de emboscadas para o Governo no Legislativo, como: 1) aprovação de uma comissão para investigar negócios da Petrobrás; 2) a convocação em série de ministros e presidentes de bancos públicos para prestar esclarecimentos na Câmara; e 3) a derrubada do projeto de lei que institui o marco civil da internet, uma das prioridades de Dilma. Eduardo Cunha diz que chegou a hora do PMDB falar no painel de votação da Câmara. Na opinião dele, a linguagem do painel é a única que o Palácio do Planalto entende.
Eduardo Cunha formou um 'blocão' na Câmara com oito partidos, que compreende 250 votos, capaz de engessar o Governo. E pra começar prometem aprovar proposta do líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), que prevê a criação de uma comissão de deputados para investigar, em diligências externas, denúncias de que funcionários da Petrobrás receberam propinas milionárias de uma empresa holandesa de locação de plataformas petrolíferas, a SBM Offshore. Esse será o primeiro item da pauta da sessão desta terça-feira (11). O governo já pressiona líderes dos partidos que aderiram ao 'blocão' a desembarcar da iniciativa, que atrapalhará a campanha de reeleição de Dilma.
A segunda emboscada, em avançado estágio de elaboração, terá como palco a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, cujo presidente é o deputado paraibano Hugo Motta (PMDB, na foto ao lado) - o mais jovem do País. Ligado ao senador Vital do Rêgo (que recusou no fim de semana o Ministério do Turismo, ofertado por Dilma), mantém com o líder Eduardo Cunha uma relação do tipo unha e cutícula. Vários requerimentos protocolados por deputados oposicionistas com convocação de ministros e figurões do primeiro escalão do governo devem ser aprovados. São eles:
1. ONGs companheiras: convocação dos ministros Manoel Dias (Trabalho), Gilberto Carvalho (Secretaria - Geral da Presidência) e Jorge Hage (CGU), para prestar esclarecimentos sobre desvio de verbas pública em convênios firmados pela pasta do Trabalho com ONGs. A proposta é do deputado Fernando Francischini (PR), líder do Solidariedade.
2. Médicos cubanos: convocação do ministro Arthur Chioro (Saúde), para responder a indagações sobre a subremuneração dos profissionais importados de Cuba para trabalhar no programa Mais Medicos. A iniciativa e do líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
3. Sem-terra, mas com dinheiro: Convocação dos presidentes da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, e do BNDES, Luciano Coutinho, para explica por que os dois bancos estatais financiaram evento do MST que acabou numa pancadaria defronte do Planalto, da qual 30 policiais saíram feridos. Nos dois casos, os requerimentos foram apresentados pelo deputado Alexandre Leite (DEM-SP).
4. Petropropinas: Convocação da presidente da Petrobrás, Graça Foster, para explicar à comissão as providências adotadas no caso da suspeita de recebimento de propinas da holandesa SBM Offshore. proposta do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).
5. PAC e emendas: Convocação dos ministros Miriam Belchior (Planejamento), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Aldo Rebelo (Esporte), para esclarecer, entre outros pontos, atrasos na execução de obras com verbas do PAC e de emendas de parlamentares, além de contratos firmados pelo Esporte num programa chamado 'Segundo Tempo'. Os requerimentos são dos deputados Carlos Brandão (PSDB-MA) - os dois primeiros - e João Arruda (PMDB-PR) - o terceiro.
Esse é o cenário de guerra que o líder peemedebista Eduardo Cunha prepara para enfrentar a presidente Dilma, a partir desta terça-feira (11). Inclusive, Cunha que passou o Carnaval em Roma deu uma declaração que demonstra o quanto se dispõe a ajudar a riscar o fósforo na relação com a presidente: "Fui aprender como Nero incendiou a cidade".
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