Coutinho disse que estará pronto para disputa de 2022, dentro de uma chapa de oposição ao governador Joao Azevedo (Cidadania), e ressaltou que quem acha que ele está inelegível vai se surpreender.
A entrevista foi dividida em seis partes. Nelas, Ricardo Coutinho trata, além da filiação ao PT e candidatura ao Senado, do desgaste provocado pela Operação Calvário, palanque de Lula e do governador João Azevêdo, relação com o PSB estadual, uma possível chapa com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o ex-prefeito da capital, Luciano Cartaxo (PV). Confira a entrevista:
Filiação ao PT e críticas ao PSB estadual
Ricardo só não sabe a data mas se filia ao PT próximos dias além do seu grupo do PSB que são, entre eles: o deputado Jeová Campos, a deputada Cida Ramos, a deputada Estela Bezerra e a ex-prefeita do Conde Márcia Lucena. Ele minimiza as resistências que têm no partido. Segundo ele, uma minoria ligada ao governador João Azevêdo (Cidadania), seu ex-aliado. “Uma suposta resistência”, diz.
“Antes de qualquer decisão final, eu quero agradecer a receptividade das bases dos partidos dos trabalhadores. Mais de 80% das executivas municipais, a maioria da militância, e sabe que não pode se perder em coisas miúdas, que tem que olhar para uma coisa muito maior (cenário nacional e defesa da democracia”, argumento.
Candidatura ao Senado e PSB nacional
Ricardo critica duramente a direção estadual do PSB, na pessoa do deputado federal Gervásio Maia. “Nós temos problema no PSB da Paraíba. Onde o atual presidente, colocado por nós, ele preside como se o partido fosse uma ata embaixo do braço, onde ele faz o que bem entender. Terminaram, inclusive, mudando, na calada da noite, alterando a composição da Comissão Executiva, no dia 14 de julho. Nós só soubemos, agora, no início de agosto”, criticou.
Críticas à Calvário e acusações contra João Azevêdo
O ex-governador falou ainda sobre o impacto da Operação Calvário e das acusações der ser o chefe de uma “organização criminosa” que desviou dinheiro da Saúde e Educação quando ele comandou o estado entre 2011 e 2018. Coutinho se diz vítima de uma perseguição, de denúncias sem provas, baseadas em delações feitas após coação.
Em outro momento, o governador se defende das denúncias, afirmando que a única prova concreta que a operação Calvário encontrou “era a história do Rio de Janeiro”, fazendo referência às caixas de vinho que estaria preenchidas com dinheiro do esquema, não o atinge diretamente.
“Eleição de quem? Minha é que não era. Foi eleições de João Azevêdo, nem candidato fui. Eu nunca me envolvi”, enfatizou.
Possível chapa com Cartaxo e Veneziano
De volta ao tema da política, Ricardo Coutinho afirmou que não tem obstáculo nenhum para formar um grupo com o ex-prefeito da capital, Luciano Cartaxo; e o senador Veneziano Vital do Rêgo. “Há espaço de convergência e acho que há uma necessidade de convergência”. Ambos conversaram com Lula e lideranças do PT, recentemente. No âmbito estadual, uma aliança com Vené, necessariamente, obriga um rompimento do senador com o governador João Azevêdo.
O ex-governador insinua que o governo tomou o partido Podemos, que era dirigido pela esposa de Veneziano, e essa foi uma mostra clara de que o senador não é respeitado no grupo. “Qual o melhor momento de Veneziano na política. É ficar no governo? Que de tão mesquinho, tão fraco, tem medo até da sombra, é capaz de tomar uma partido (Podemos) de um dito aliado, colocando cinco deputados estaduais. Batom na cueca, amigo”, explicou.
Ao analisar o cenário, Coutinho também afaga o ex-aliado e ex-adversário, Luciano Cartaxo. O ex-prefeito, também sem mandato, está próximo de Lula, faz oposição a João Azevêdo, mas ainda não definiu qual o cargo vai se candidatar ano que vem.
“Luciano Cartaxo, no meu entender, ele deveria ter saído candidato a governador (em 2018) […] mesmo perdendo, ele seria um líder da oposição. Era uma estratégia que eu particularmente fiz em 2010. Eu sabia que ali nós estávamos uma alternativa totalmente diferente da política oligárquica paraibana, mesmo que perdesse. E eu saí da prefeitura”, analisou.
E continuou: ”Eu acho que Cartaxo tem potencial para disputar uma majoritária e acho que ele precisa estar dentro desse bloco de apoio a essa mudança no Brasil, a essa frente contra o bolsonarismo”, afirmou.
A impossibilidade de subir no mesmo palanque de João Azevêdo e ameaças de Bolsonaro
Quando questionado sobre subir no mesmo palanque de João Azevêdo, em nome do apoio a Lula, Coutinho afirma que é impossível. Compara João ao ex-ministro de Lula, Antônio Palocci, que quando esteve preso na Operação Lava Jato “traiu”, segundo ele, o ex-presidente.
Segundo Ricardo Coutinho, não se trata de disputa política, mas de caráter. “Fazer o que eu fiz pela continuidade do projeto e respeitos aos companheiros que porventura construísse isso. Nunca pedi nada pra mim e você chegar e perceber um cara vir de forma esquisita para fazer um acordo”, completou.
A entrevista foi concedida ao Blog Conversa Política
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