segunda-feira, 11 de abril de 2016

Mesmo desiludidos, cresce busca dos jovens pelo título para o primeiro voto...

O número de jovens que vão votar pela primeira vez este ano já é 43% maior do que em 2014, quando foram eleitos presidente, governadores, senadores e deputados. Segundo levantamento do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), 97.464 jovens de 16 a 18 anos incompletos procuraram os cartórios eleitorais na Paraíba até a última quinta-feira para realizar a inscrição eleitoral. Considerado por muitos analistas políticos o momento mais complicado da história recente do país, a simbologia do primeiro voto ganha ainda mais força diante do cenário de crise política e econômica.
Não bastasse os escândalos de corrupção que envolvem políticos e partidos de todas as ideologias, o jovem eleitor também se depara com uma perigosa polarização que divide o país. Embora tudo isso tenha gerado muita confusão na cabeça dos jovens, as estatísticas do TRE mostram que eles não estão alheios e querem participar do processo eleitoral. O aumento de jovens entre 16 e 18 anos incompletos já superou a marca dos 30 mil em relação a 2014. E o prazo só encerra no dia 4 de maio.
Para o cientista político Fábio Machado, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), não é possível diagnosticar se o que está acontecendo no país atualmente favorecerá ou não o processo de conscientização política do jovem. “Desde 1988, este é o período mais grave que o país atravessa, pela correlação de força e o quadro de crise econômica. A principal preocupação é o fato de que esses jovens estão entrando na vida cidadã em meio a uma grave crise constitucional”, avalia.
O descrédito do jovem nas instituições preocupa o especialista, que alerta para a falta de confiança dos eleitores nos atores políticos. “A democracia só é possível se existirem instituições políticas fortes e consolidadas e também quando os eleitores acreditam nas suas lideranças. Quando não tem uma coisa nem outra, você fica num cenário caótico e difícil”, ressalta Machado.
Independente da falta de crédito com as estruturas partidárias, Fábio Machado ressalta a importância de provocar a consciência política nos jovens. “O engajamento dos jovens também podem acontecer a partir das ações da sociedade civil. A política não é só feita de partidos, o jovem tem um largo campo para se engajar. O próprio movimento estudantil, que já foi tão forte, projetos sociais. Isso traz consciência política a qualquer cidadão”. (com JPB)

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