Num instante em que o governo corta até despesas prioritárias, voltou às pranchetas do Ministério da Economia o plano de renegociação da dívida do agronegócio com o Fundo de Assistência do Trabalhador Rural, o Funrural. Coisa de R$ 11 bilhões. O setor pede anistia. E o governo não exclui a hipótese de oferecer, além da rolagem, o perdão de uma parte do passivo. Informa Josias de Souza.
Veiculada nesta terça-feira (17) pelo Valor Econômico, a notícia foi confirmada pelo blog. Paulo Guedes e sua equipe torcem o nariz. Jair Bolsonaro deseja mimar seus apoiadores do setor rural, Sob Michel Temer, aprovou-se no Congresso programa de refinanciamento (Refis) para o setor. A adesão revelou-se um fiasco. Atribui-se parte da responsabilidade a Bolsonaro.
Na campanha presidencial, Bolsonaro assumiu o compromisso de colocar o peso do seu eventual governo a serviço da aprovação do perdão das dívidas acumuladas por produtores rurais. O débito decorre de um contencioso judicial. Escorado em decisões judiciais liminares (provisórias), o agronegócio deixou de pagar o Funrural. Entretanto, ao julgar a encrenca em termos definitivos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a conta era devida, derrubando as liminares. Daí o megapassivo.
Numa entrevista concedida ao blog em fevereiro, o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), informou que o setor cobraria de Bolsonaro o cumprimento da promessa de campanha. Nessa época, o espeto do Funrural era estimado em R$ 17 bilhões. Mas Moreira dizia que a cifra poderia ser reduzida se fossem excluídos do rol de eventuais anistiados devedores do porte da gigante JBS.
Perguntou-se a Alceu Moreira se a presença no Ministério da Agricultura de Tereza Cristina, ex-presidente da bancada rural, asseguraria o apoio dos cerca de 270 deputados do bloco ao governo. E ele: "A fidelidade ao presidente está diretamente ligada à fidelidade [do governo] ao setor que nós representamos. Quando o governo pensa como nós, estamos com ele. Quando o governo pensa diferente, vamos fazer a defesa do que é do nosso interesse."
No mundo dos espertos, nada se cria nada se transforma, tudo se corrompe. No universo dos idiotas, onde vivem os brasileiros sem-Refis, o ruim sempre se transforma em pior quando o sujeito ousa desafiar o Fisco.
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