*Por Jônatas Frazão
“Fiquei muito intrigado com as mais recentes declarações do senador Cássio Cunha Lima na imprensa. Do que acompanhei de repercussão nos sites e jornais e, principalmente, do que ouvi nas rádios, pelo tom de voz Cássio está preparando algo que irá surpreender a Paraíba. E asse algo seria, ao meu entender, sua desistência de concorrer ao Governo do Estado e consequente apoio ao candidato do PMDB, Veneziano Vital.
O discurso de Cássio mudou de uns dias prá cá. Antes, o senador afirmava que era candidato e pronto. Tanto que foi até criticado por ter sugerido as consultas nas principais cidades paraibanas para ouvir o PSDB. “Para ouvir o que já está certo e decidido?”, perguntou, certa vez, destacado jornalista da área política estadual.
No rádio, Cássio defendeu “a construção de uma ambiência onde se tente, mais uma vez, pacificar a Paraíba” e, para isso, afirmou taxativamente: “Não coloco o meu nome como imposição”, admitindo abrir mão da disputa.
Somem-se a isso os sucessivos encontros – admitidos por ambas as partes – entre Cássio e Vitalzinho, em Brasília. Claro que os dois falam, na imprensa, que as conversas em Brasília giram em torno de assuntos ligados ao Senado. Mas daí a acreditarmos nessa premissa há uma distanciazinha.
Recentemente, o próprio candidato peemedebista Veneziano admitiu que voou de Brasília até a Paraíba na companhia de Cássio, dividindo a mesma poltrona do avião. Será que só falaram sobre a convocação de Felipão para a Copa?
Cássio tem dito ultimamente que sua intenção é unir os partidos de oposição na Paraíba para, só depois disso, já próximo do dia 30 de junho, prazo final para a realização das convenções, decidir sobre a composição de uma chapa majoritária que marche unida em torno de um só candidato a governador, contra o atual governo de Ricardo Coutinho.
Outro detalhe é que, nas últimas entrevistas, Cássio tem mudado o tom e a linha adotada quando o assunto questionado é a sua elegibilidade. Ele sempre disse ter a certeza de que é elegível. Tanto que, recentemente, até se chateou com um jornalista que o questionou: “Eu sei que sou elegível. Se eu tiver que pagar de novo por uma pena que já paguei, aí tá danado”, afirmou. Porém, ele agora admite que vai recorrer ao TSE para consultar o órgão sobre o assunto, conforme disse em entrevista na última quinta-feira.
E, na mesma entrevista, Cássio citou que pode abrir conversas com Veneziano e Major Fábio para, juntos, definirem uma chapa única. “O que tenho defendido no PSDB e junto a outros partidos é fazer uma unidade no campo das oposições paraibanas. Nas oposições temos algumas candidaturas, a minha pré-candidatura, a de Veneziano, a de Major Fábio, então seria importante que estas forças pudessem buscar algum ponto de entendimento para unir as oposições. Todo esforço que o PSDB fará será pela unidade das oposições, para só depois definir a chapa propriamente dita”.
Também é bom ressaltar a dificuldade que Cássio está tendo em formar uma chapa com tempo de TV suficiente para um guia competitivo, coisa que Veneziano já conseguiu, com o apoio do PT. Também deve-se considerar o mal estar criado com o senador Cícero Lucena justamente por este motivo. A desistência de Cássio resolveria a parada com Cícero.
E o PT, já anunciado como apoio a Veneziano, criaria problemas? Claro que não. Ou você acha que a inserção de tucanos na gestão de Luciano Cartaxo, em João Pessoa, nos últimos dias, tem ocorrido de graça? Outro fator é que uma mudança dessa deixaria Cássio livre, na qualidade de vice presidente nacional do PSDB, para trabalhar no Nordeste a candidatura de Aécio Neves.
Diante desse novo cenário – traçado pelo próprio Cássio, com suas mais recentes declarações – não fiquemos admirados se, de uma hora para a outra, houver uma mudança brusca no cenário político estadual. E esta mudança passaria não pelo retorno de Cássio em apoiar Ricardo Coutinho. Não há mais clima para isso. Mas seria o apoio de Cássio ao conterrâneo Veneziano.
E, cá pra nós, uma chapa com Veneziano pra governador, com PSDB indicando Cícero para o Senado e o PT indicando o vice, por exemplo, resolveria a eleição em primeiro turno. Disso, não tenho dúvidas. Você tem?”
*professor aposentado da UFPB. Este comentário também está publicado no meu Facebook
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