De passagem por Brasília nesta quarta-feira, Geraldo Alckmin reuniu-se com as bancadas do PSDB na Câmara e no Senado. A portas fechadas, pediu paciência ao tucanato, inquieto com o mau desempenho do seu projeto presidencial. Disse que sua candidatura ganhará “musculatura” quando atingir o patamar de 10% nas pesquisas. “Faltam apenas dois pontos”, estimou. Para ele, assim que a barreira dos dois dígitos for rompida, outras legendas que ensaiam candidaturas próprias se juntarão ao PSDB numa coligação de centro.
Alckmin respondeu a perguntas dos parlamentares. Mas ninguém o questionou sobre o tema que mais inquieta o tucanato: a debilidade de sua candidatura em São Paulo. Tendo governado o Estado por quatro mandatos, Alckmin está empatado nas pesquisas com Jair Bolsonaro. E não consegue tourear a desavença entre dois aliados que disputam o governo paulista: Marcio França (PSB) e João Doria (PSDB).
Líder do PSDB na Câmara, o deputado Nilson Leitão repassou a Alckmin um lote de perguntas de sua bancada. A pretexto de unificar uma resposta para questionamentos da imprensa, mencionou a pendência judicial aberta com a delação da Odebrecht. Sem mencionar os R$ 10,3 milhões em verbas sujas que a empreiteira diz ter repassado para suas campanhas eleitorais em 2010 e 2014, Alckmin disse estar “muito tranquilo”. E pôs-se a enaltecer a própria honestidade. Declarou que vive modestamente. Realçou que, após quatro décadas de vida pública, mora num apartamento simples. A plateia deu-se por satisfeita.
Convertido em réu pelo Supremo na semana passada, o senador Aécio Neves não deu as caras. Há um consenso no PSDB de que a nova condição penal transformou Aécio num correligionário tóxico. Alckmin já declarou publicamente que ficou “evidente” a inconveniência da participação do réu nas eleições de 2018. Mas não houve quem se animasse a esmiuçar o tema durante a reunião. De resto, Alckmin informou que prepara um programa de governo. Dará ênfase à redução do custo da máquina pública. A segurança pública e saúde, nessa ordem, ocuparão o topo de suas prioridades. (Josias de Souza)
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