Dois anos se passaram e Romero em nenhum instante desmentiu ou desestimulou os aventureiros desta empreitada, turma que se sentiu desprestigiada, perdeu cargos e espaços no governo, imaginando que seria uma gestão continuísta: Bruno na cadeira, com a caneta na mão, atendendo as determinações de Romero, eminência parda, que continuaria a comandar os destinos da cidade.
O gesto é ousado, desagregador e pode culminar com o fim do Clã Cunha Lima. Imaginar a existência de alguém por trás da trama, é ignorar o óbvio. O poder mudou Romero Rodrigues, e revelou sua verdadeira personalidade após as duas derrotas consecutivas de Cássio, seguida por outra de seu herdeiro Pedro. Criou-se um vácuo no comando político do grupo. Antes que se construa, e se consolide outra liderança Cunha Lima – em nível estadual – Romero se antecipará, impedirá e lutará para transformar o intento num projeto natimorto. O desafio é derrotar Bruno. Mas, ainda falta o discurso.
Nas últimas duas semanas o ex-prefeito vem quebrando seu silêncio junto ao restrito meio frequentado pelas lideranças políticas. Semana passada, em entrevista na Rádio Arapuan, o deputado federal Murilo Galdino confirmou que Romero havia confessado a ele, e a outros colegas da bancada paraibana na Câmara dos Deputados, sua decisão de enfrentar Bruno. Ontem (16/06/2024) nos encontramos com o vereador Pimentel Filho e ouvimos o mesmo. Indagamos se Romero já havia vocalizado a intenção. Prontamente Pimentel confirmou que o próprio Romero confirmou a ele que era candidato. Votará nele. Especulamos se Bruno lhes convidasse para ser o vice? Ele aceitaria? Pimentel disse que não, por dois motivos. Pertence ao grupo do governador, e não tem a menor vontade de votar em Bruno (rejeição).
Nas conversas em Brasília Rodrigues já “desdenha” o grupo como insignificante. Diz que o saudoso Ivandro nunca teve votos, Bruno é um menino mimado, desconexo e despido de sensibilidade política. Os votos de Pedro em Campina foram “contingenciais”. E Cássio encontrou sua vocação, usando a plataforma Instagram para revelar seus valores latentes na gastronomia. Quantos milhões de reais (emendas parlamentares) Romero Rodrigues destinou a PMCG nos dois últimos anos? Quem tem carreado dezenas de milhões de reais é o Senador Veneziano Vital do Rêgo, viabilizando a gestão de Bruno, não deixando faltar recursos para obras estruturantes.
O jogo não é para amadores. Romero pretende derrotar Bruno e Veneziano. Cássio voluntariamente está afastado. Pedro ficará sem estrutura para retornar ao Parlamento. E Romero, como único líder de Campina Grande, seria o candidato a governador em 2026. Seu compromisso – ainda não revelado publicamente – com o governador João Azevedo é apoiá-lo para o Senado Federal. Ele sai para o governo.
Por Júnior Gurgel
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