O ex-governador José Maranhão (PMDB) foi uma das presenças que mais atraíram a atenção no velório do poeta Ronaldo Cunha Lima no Palácio da Redenção. Por motivos óbvios: o racha de 1998 colocou Maranhão e Ronaldo em duas trincheiras de guerra que produziram, durante mais de uma década, honras, imagens e corações feridos de ambos os lados.
Maranhão chegou acompanhado da esposa, a desembargador Fátima Bezerra, católica fervorosa e temente a Deus, e do sobrinho, deputado Benjamim Maranhão, outro que passou a última década vendo o tio e o falecido brigarem. O ex-governador abraçou o filho mais político de Ronaldo, o senador Cássio Cunha Lima, com o qual estendeu a briga das famílias nos últimos anos, e cochichou algo em seu ouvido. Palavras que ficarão pra história política da Paraíba.
A presença de Maranhão não foi unanimidade. Alguns familiares do poeta saíram do salão pra evitar a cena. As lembranças das brigas, da cassação de Cássio e outras acusações ainda são recentes. O que Maranhão não deve saber é que o poeta Ronaldo Cunha Lima havia autorizado que o ex-governador peemedebista o visitasse durante a doença. Parte da família é que preferiu evitar. Em parte, pela rejeição. Noutra pra evitar, inclusive, fortes emoções que pudessem alterar o estado do poeta, o que não deixara de ser uma precaução cabível.
Mas para o coração do poeta já havia uma porta aberta pra receber seu ex-amigo e, naquele momento, ex-adversário político. Nos últimos momentos em vida, ele disse que deixassem Maranhão visitá-lo. Maranhão chegou a enviar emissários para fechar o encontro. Não prosperou. Foi vê-lo na morte. Quando o desejo do poeta se fez possível. (LuísTôrres)
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