domingo, 14 de agosto de 2011

Têxteis, leite e mel são referências na PB a exemplo de Piancó que tem a maior bacia leiteira do Sertão

Confecção de redes, pecuária leiteira, caprinocultura, apicultura, artesanato, produção de palma e algodão colorido são alguns dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) de referência da Paraíba. Estas atividades, empregam mais de 35 mil pessoas em todo Estado, possuem uma característica comum: são alvos potenciais para projetos de inclusão produtiva.
Beneficiados com o recolhimento de apenas 1% de ICMS, os fabricantes de redes do município de São Bento movimentam cerca de R$ 600 milhões. Em Piancó, a produção leiteira cresceu 533%, nos últimos três anos, enquanto o artesanato e o algodão colorido dão projeção internacional à Paraíba.  Estes APLs se espalham por todas as regiões do Estado, gerando emprego, renda e uma produção que é exportada para outros Estados brasileiros, bem como para países da Europa e Estados Unidos. 
Em São Bento a produção têxtil se consolidou como principal atividade econômica. Hoje, o município conta com 370 empresas, entre formais e informais, que produzem 12 milhões de redes, anualmente, além de mantas e cobertores. Juntas, as empresas chegam a empregar 80% da população, que é de 30.870. Ou seja, a produção de redes gera mais de 24,6 mil empregos. Estima-se que por ano, as empresas ganhem aproximadamente R$ 600 milhões. As redes são exportadas para todo o Brasil e para cerca de 20 países.
Em Piancó a prosperidade da pecuária está garantindo ao município o status de maior bacia leiteira da região, gerando emprego para cerca de 400 pessoas. Essa produção foi triplicada em menos de quatro anos com investimento em tecnologia e acesso a linhas de crédito.  Em 2008 o município produzia diariamente três mil litros de leite. Agora já chega aos 16 mil, um aumento percentual de 533%.
No Cariri paraibano, a caprinocultura envolve 23 municípios e é considerada a mais desenvolvida do país. Ao todo são gerados mais de 600 postos de trabalho. A produção de leite chega a 450 mil litros ao mês, proporcionando uma renda de R$ 585 mil. Programas do Governo Federal compram 98% da produção.
Piancó tem maior bacia leiteira do Sertão
Os agricultores de Piancó, não esperavam que a região pudesse se tornar a maior bacia leiteira do Sertão paraibano. Segundo o secretário da Agricultura do município, José Geraldo Leite, os produtores rurais não se sentiam estimulados à prática da pecuária por conta da falta de condições para manter o gado. No entanto, há cerca de quatro anos, os membros da Associação dos Produtores de Leite (Aprolp) uniram forças e investiram no setor.
Conforme o secretario, até 2008, a produção diária de leite não passava dos três mil litros. Após a adoção de novas tecnologias no campo e organização dos produtores, o rebanho aumentou e a produção de leite já chega a 16 mil litros.  “A atividade tem atraído outros agricultores que viram que deu certo investir em gado. Hoje, são mais de 400 pecuaristas na região de Piancó e um rebanho de 4 mil cabeças, o maior da história da região”, contou.
O secretario afirmou que uma parte do leite é vendida ao Governo do Estado e outra parte é destinada a duas usinas de beneficiamento. “O leite de Piancó hoje tem uma qualidade tão boa que é vendido para outras regiões do Estado e usado em beneficiamento de produtos variados. A tendência é nossa produção sempre aumentar e invadirmos mercados externos”.
O pecuarista José Severino apostou no setor, fez empréstimos e hoje é um dos maiores produtores de leite da cidade. Ele possui 25 cabeças de gado, das quais, 20 são vacas matrizes, que fornecem até 12 litros de leite por ordenha. Após capacitação do Sebrae os pecuaristas melhoraram os trabalhos e aprenderam produzir com economia.
“É uma produção sustentável. No campo, eles plantam um capim e usam a tecnologia de piquetes. A área plantada é delimitada por cercas elétricas e dividida em 28 lotes. Todo dia, o rebanho é colocado para comer em um lote e quando o gado chega ao último lote, o capim do primeiro já terá crescido de novo. Assim nem acaba ração e o custo é baixo”, disse o secretario.
Algodão colorido é marca forte
Desenvolvido há 11 anos pela Embrapa, o algodão colorido se tornou uma marca forte da Paraíba dentro e fora do Brasil. Do cultivo à comercialização dos produtos, a cadeia produtiva do algodão colorido envolve em torno de três mil pessoas. Pelo menos dez núcleos trabalham na confecção de roupas, redes, mantas e artesanato em João Pessoa, Campina Grande, Gurinhém, Itaporanga e Boqueirão. Apesar de enfrentar problemas como a falsificação, o algodão colorido da Paraíba continua em destaque nas passarelas internacionais. Na semana passada, a marca paraibana Natural Cotton Color apresentou sua nova coleção na feira britânica Pure London.
O grupo voltou ao Brasil com uma boa notícia: a possibilidade de expor durante London Fashion Week 2012. De acordo com a Embrapa, por ano, a Paraíba produz em torno de 100 toneladas de pluma de algodão colorido, que é cultivado em uma área de pelo menos 400 hectares de plantio. Este trabalho envolve pelo menos 100 agricultores familiares.
(com DanielMotta e AnaTeixeira/Correio da Paraíba)

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