No Brasil, a ideia de que o parceiro ativo é tão culpado quanto o parceiro passivo num ato de corrupção nunca prosperou de verdade. Estava subentendido que essa era a maneira de fazer negócios. Por isso, a expedição de mandados de prisão contra 25 executivos de grandes empreiteiras, entre eles cinco presidentes, tem um aroma de história.
São prisões preventivas e temporárias. Não se confundem com sentenças condenatórias. Mas, num país que se habituou a aceitar a corrupção com objeto e sem sujeito, um simples interrogatório representa uma novidade alvissareira.
Uma época é mais ou menos como uma festa. Acaba sempre com uma boa faxina e um exame de consciência. No futuro, quando os livros puderem falar sobre a farra da Petrobras sem o receio de encontrar alguém escondido dentro do sofá, 2014 será lembrado como o ano de nascimento de uma nova época. Uma época em que o Brasil descobriu que oferecer propina também é pecado.
Recomeça agora uma nova festa. Entre a conclusão dos inquéritos e o veredicto, deve durar mais de cinco anos. Não dá para dizer como será. Mas é possível prever que, se não terminar em punição, a ressaca será de amargar.
Sérgio Moro, o juiz da Operação Lava Jato, mandou que a Polícia Federal recolhesse ao xadrez executivos das mais vistosas logomarcas da empreita: Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Iesa, UTC e Engevix. Na Odebrecht, não houve prisões. Mas os escritórios foram varejados por uma batida policial.
Juntas, essas empreiteiras colecionaram na Petrobras contratos de R$ 59 bilhões desde 2003. Outra novidade: o doutor Moro mandou bloquear as contas bancárias dos presos. Somam R$ 720 milhões. Cogitou trancar também as contas das empreiteiras. Mas teve receio de inviabilizar-lhes o funcionamento.
Há 20 anos, a plutocracia foi pilhada remunerando falsas consultorias de uma empresa de PC Farias. Ninguém teve que dar muitas explicações. No caso dos anões do Orçamento, as empreiteiras tiveram o desgaste de meia dúzia de manchetes. Mas ficou nisso.
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