terça-feira, 29 de março de 2016

PMDB oficializa por aclamação rompimento com o governo e entrega 7 ministérios e 600 cargos

Aos gritos de "Fora, PT" e "Temer presidente", o PMDB, maior partido do Congresso, anunciou nesta terça-feira (29) o seu rompimento oficial com o governo. Foi um evento rápido, de poucos minutos.
O anúncio aconteceu após a reunião do diretório nacional do partido, realizada na Câmara dos Deputados e em meio à maior crise política enfrentada pela presidente Dilma Rousseff (PT) desde que assumiu a Presidência da República. Dilma é alvo de um processo de impeachment na Câmara dos Deputados e os votos do PMDB são vistos como essenciais na tentativa do governo de barrar o processo. Dilma precisa de 172 votos na Câmara para interromper o impeachment.
Ao anunciar a saída do PMDB da base do governo, o senador Romero Jucá (RR), que a classificou como "histórica", afirmou que nenhum integrante do partido está autorizado a ocupar cargos no governo em nome da legenda a partir desta terça-feira.
Além de deputados e senadores da legenda, estiveram presentes na reunião do diretório do PMDB outros caciques da sigla, como os ex-ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Eliseu Padilha (Aviação Regional), além do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf.
O rompimento do PMDB com o governo vinha sendo defendido há alguns meses por integrantes do partido, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, em julho de 2015, anunciou seu afastamento pessoal da base governista. O PMDB é o maior partido do Congresso Nacional, com 68 deputados federais e 18 senadores.
O clima de tensão entre o governo e o PMDB ficou ainda mais evidente em dezembro do ano passado, quando o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, enviou uma carta para Dilma (que acabou vazando para a imprensa) na qual acusou a presidente de mentir para "sabotar" o PMDB e de transformá-lo em um "vice-decorativo". 
No final do ano passado, o governo tentou se aproximar do PMDB e ampliou de seis para sete a participação do partido na Esplanada dos Ministérios. Na última segunda-feira (28), porém, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pediu demissão do cargo de ministro do Turismo.
No início deste ano, o governo voltou a tentar uma reaproximação com o PMDB apoiando a candidatura de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) para a liderança do partido na Câmara, mas a medida parece não ter surtido o efeito desejado depois que, no último fim de semana, o diretório estadual do PMDB no Rio de Janeiro, comandado por Jorge Picciani, pai de Leonardo, anunciou a intenção de romper com o governo.
O destino de outros ministros do partido, como Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Kátia Abreu (Agricultura), ainda é incerto. Na semana passada, Marcelo Castro e Celso Pansera haviam criticado a saída do PMDB da base governista e chegaram até a dizer que poderiam deixar, temporariamente, os ministérios, para votar contra o impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados. 
Com o início do andamento do processo de impeachment contra a presidente Dilma na Câmara, líderes do PMDB intensificaram reuniões com integrantes de partidos de oposição. Na semana passada, Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal líder da oposição, se reuniram em São Paulo para discutir uma "agenda de emergência" para o país. (com UOL)

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