segunda-feira, 25 de abril de 2011

Chacina de Realengo – por Misael Nóbrega de Sousa

* Misael Nóbrega de Sousa
Oito e meia da manhã, de um dia qualquer de abril... A escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, é palco de uma tragédia que abalou o país. Depois de ter atirado aleatoriamente dentro da escola e matado doze crianças, Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, suicidou-se com um tiro na cabeça.
A certidão da culpa veio em forma de bilhete. As palavras, embora desconexas, vão ser estudadas pelos especialistas: dor, revolta, demência, drogas, bullying, qual a causa real para aquele massacre de inocentes?
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) diz que o Rio de Janeiro, ostenta a taxa de 50,8 homicídios para cada 100 mil habitantes. Pernambuco vem em seguida com 50,1 seguido de Espírito Santo com 48,3. Isso sem falar nos acidentes de trânsito, violência doméstica e outros mais.
Se a chacina de Realengo é a ponta do iceberg, é importante investigar como tudo começou. À época da colonização já existia violência. O coronelismo, as oligarquias. O crescimento desordenado das grandes cidades é outro agravante. Falta de uma educação de qualidade e infra-estrutura, são também exemplos gritantes. E o emprego? E a moradia?
A partir do momento em que nos indignamos, apenas, quando algum tipo de abuso acontece conosco, estamos sendo, no mínimo, omissos. Precisamos repensar o nosso papel na sociedade.
Não estou incitando a justiça com as próprias mãos, mas oferecendo-me ao debate. A idéia é pressionar às autoridades a buscarem políticas púbicas de fortalecimento dos valores morais. As ações coercitivas são importantes, mas não o único caminho.
A chacina de Realengo será explorada pela mídia enquanto tiver vendendo jornal. É o quintal do mundo de volta às páginas policiais. Se não virar filme, coisa muito em voga, o episódio cairá logo no esquecimento. Até que surja outro evento de proporções semelhantes.
A dúvida é saber quem foi que puxou o gatilho: Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, ex-estudante da escola municipal Tasso da Silveira... Menino solitário; de mãe esquizofrênica; sem muitas aspirações... - Ou fomos nós?
* Jornalista

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