Acusado de matar ex-esposa, subtenente é condenado a 18 anos e 6 meses de prisão em regime fechado; "A família da vítima clamava justiça e teve justiça, mas todas as duas famílias sofrem de um lado e de outro", diz acusação enquanto a defesa define o resultado que ficou como "um morto e um morto-vivo".

O Conselho de Sentença do 1ª Tribunal do Júri da Comarca de Campina Grande condenou, nesta sexta-feira (22), a uma pena de 18 anos e 6 meses de reclusão em regime fechado o subtenente da Polícia Militar Damião Soares Gomes pelo crime de homicídio triplamente qualificado, identificado como feminicídio. Ele é acusado de matar a ex-esposa Jaqueline Fabrícia de Araújo, 30 anos, com um tiro, no dia 25 de janeiro de 2018 na cidade de Itaporanga.

A pronúncia com qualificadora de feminicídio, da 1ª Vara da Comarca de Itaporanga, foi mantida pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, ao julgar improcedente recurso do acusado e transferiu o julgamento de Itaporanga para Campina Grande. Além de feminicídio, o réu ainda foi pronunciado com as qualificadoras de motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. 

O crime abalou toda a comunidade itaporanguense por ambos serem de famílias bastante conhecida na cidade. A família de Jaqueline clamava desde então por justiça. Dami, como é mais conhecido, está recolhido desde janeiro de 2018 em uma cela do 3º Batalhão da PM, em Patos, mas, segundo a acusação, com a perda da farda deve ser transferido para o presídio do Serrotão, em Campina Grande.

A acusação foi feita pelo promotor de Justiça Márcio Gondin, que é presidente da Associação Paraibana do Ministério Público, tendo na assistência os amigos advogados Nosman Barreiro e Max Cabral. A defesa foi feita pelos também amigos advogados Marcílio Batista e Neto Ferreira, que levantou a tese de tiro acidental e pretende recorrer da sentença. Um grande número de familiares de Jaqueline acompanharam o julgamento. Familiares de Dami também estiveram presentes. 

A sessão de julgamento teve início às 9h da manhã e transcorreu pelo dia inteiro. Já era noite quando Nosman Barreiro me contatou (eu estava retornando de Goiânia para João Pessoa) para comunicar o resultado. "A família clamava por justiça e justiça foi feita. É ruim pra todo mundo, pra quem morre, pra quem vai cumprir pena. Todos são perdedores, os dois times são perdedores porque ninguém ganha num negócio desses. Uma família sofre de um lado (pela perda de seu ente querido) e de outro. Nunca houve problema entre as famílias e nem vai haver. Conversei com Zé Neto e as irmãs (de Dami) e com Nelito e Jan (pai e irmão de Jaqueline)... Acabou tudo, a justiça foi feita. Não haverá problema e assunto encerrado. Ele foi condenado em regime fechado, já voltou pra Patos, perde a farda naturalmente, mas deve cumprir a pena no Serrotão...", declarou Nosman.

Já Neto Ferreira, em contato conosco, nos disse que a tese levantada pela defesa foi que houve uma fatalidade, embora não tenha sido reconhecida, e diante do placar de 4 a 3 irá recorrer da decisão. "Situação muito ruim pra as duas famílias. Como resultado ficou um morto e um morto-vivo", ponderou.