Nunca na história das eleições na Paraíba se usou tanto o servidor público para trabalhar na campanha oficial como agora. O Ministério Público Eleitoral (MPE) está concluindo uma investigação, cuja denúncia chegou ao órgão através de funcionários que atuam em grupos, numa operação batizada de “visitas qualificadas”.
Até presidiários, entre eles um condenado com mais de 55 anos de reclusão, estão sendo usado para fazer panfletagem para o candidato reeleitoral Ricardo Coutinho (PSB). A denúncia foi veiculada no guia do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), desta sexta-feira (17), de que presidiários do regime semi-aberto e integrantes do Programa O Trabalho Liberta, do Governo do Estado, estão sendo usados na campanha de rua do governador Ricardo Coutinho (PSB), que disputa a reeleição. A reportagem do Portal WSCOM falou com o secretário de Administração Penitenciária, Walber Virgolino e ele afirmou que a responsabilidade de sua pasta se restringe a dentro dos presídios. Já o superintendente do Detran-PB (onde os presos trabalham), Rodrigo Carvalho, informou que a responsabilidade do órgão com os detentos é dentro da repartição.
A reportagem exibida no guia flagrou homicidas condenados a dezenas de anos de reclusão distribuindo panfletos nas ruas de João Pessoa e segurando bandeiras dos candidatos Ricardo Coutinho e Dilma Rousseff. Vários outros grupos de detentos, diariamente, fazem o mesmo trabalho em outras cidades do Estado.
A panfletagem, de acordo com o que mostra o guia eleitoral, acontece todos os dias e começa logo cedo. O grupo de presidiários incluídos no programa de ressocialização vai para as ruas segurar bandeiras e distribuir material de propaganda do candidato Ricardo Coutinho. E com um detalhe: panfletos e adesivos da candidata à reeleição, presidente Dilma Rousseff, também faz parte do pacote "preso-cabo-eleitoral".
Apresentando imagens flagradas em João Pessoa, notadamente no bairro de Mangabeira, o guia apresenta três exemplos de apenados na campanha do governador: Arlindo Odilon de Maria, condenado a 18 anos de prisão por latrocínio (roubo seguido de morte); Durval Mariano Arcoverde, que cumpre 55 anos por latrocínio, homicídio e roubo qualificado, além de Manoel Nunes Pereira, que foi sentenciado pela Justiça a cumprir 16 anos de detenção por homicídio.
À medida em que apresentou os presos, o guia eleitoral exibiu a ficha de cada um dos detentos que estão sendo desviados do programa de ressocialização para integrar uma iniciativa polêmica na campanha de Ricardo Coutinho. E com um detalhe ainda mais escandaloso: só depois da panfletagem por coerção, os presos vão cumprir sua carga de trabalho no Detran.
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