Um dia na vida de um servidor pode marcar para sempre a vida de um servidor público do TRE-PB. O que eu posso dizer dela. Que era baiana de Feira de Santana, que era Analista Judiciário, trabalhava na Corregedoria, desde 2002, tinha 44 anos, e nome dela é Josenilde da Costa Caetano.Conhecida por Jose. Não era minha amiga, mas que poderia ser se tivéssemos trabalhados juntos. Uma jovem colega meiga, simples, calma, educada, simpática, inteligente e que cativava os colegas pela postura e educação.
Estava no setor de trabalho, no andar térreo, e o relógio marcava uma hora e dezenove minutos, quando escuto um barulho forte e quando abro a porta vejo uma jovem estendida no chão. Era Josenilde que acabara de pular para a morte do sexto andar da área interna do prédio do tribunal. Uma colega de trabalho me falou que ela estava com depressão , a doença do mundo moderno. As pessoas trabalham perto, moram perto, caminham perto, assistem a TV perto, vivem perto e não dialogam. Falta solidariedade, fraternidade, compreensão.
No trabalho quando um servidor está com depressão, os colegas se isolam e o ficam menosprezando. Uma colega tendo notado o estado depressivo de Josenilde, falou para a Coordenadora da Corregedoria e braço direito do corregedor do tribunal, dizendo que cuidassem dela. E o resultado foi a morte trágica de uma excelente servidora e pessoa humana que só precisava de uma mão amiga, de incentivo e valorização humana. Mas agora é tarde. O TRE, na visão de alguns colegas , é um tribunal frio, calculista, que pratica a assedio moral a aqueles servidores competentes, honrados, que cumprem seus deveres funcionais, não são subservientes,bajuladores , que não comungam de irregularidades e não vivem brigando por cargos e funções comissionadas.
Este não é o primeiro servidor do TRE que se suicida, na lista da morte temos o ex-diretor Leonardo, que estava com depressão e praticou suicídio indireto,num acidente de automóvel; a servidora da Corregedoria Ester Souto Maior, o meu parente Flavio Ramalho, que depois de ter perdido o cargo comissionado de assessor de gabinete de juiz,ficou depressivo,passou a ter problemas financeiros, por que sustentava a mulher, dona de casa e três filhas menores de idade.Flávio, depressivo, atravessou de forma displicente, sem olhar para os lados, uma rodovia asfaltada e foi atropelado. A servidora Patricia, que era minha conhecida, a mãe tinha se suicidado, com depressão, procurou apoio do tribunal, e só recebeu indiferença, omissão e desprezo. Terminou se matando ao se jogar do prédio do Manaira Shopping. E finalmente Josenilde. Que Deus a receba no paraíso, libertando-a do pesadelo da depressão e da omissão e maldade dos humanos. Ela precisava de ajuda em vida. Antes de decretar luto por três dias deveria ter sido garantido a sua vida, que só precisava de um apoio psicológico, psiquiátrico e cristão. O TRE foi o seu leito de morte.
Por Martinho Ramalho
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