Bastante plausível, pertinente e interessante, ensaio do jornalista Josival Pereira sobre o futuro político da Família Cunha Lima, na Paraíba. Confira: [Na foto ao lado, Cássio ajeita gravata do filho caçula, Pedro, que será candidato a deputado federal em 2014]
Ainda é praticamente impossível se vislumbrar concretamente o que o senador Cássio Cunha Lima (PDSB) vai fazer politicamente no curto prazo. Ele e aliados alimentam diariamente, com inteligência, a dúvida sobre a manutenção da aliança com o governador Ricardo Coutinho (PSB) ou possível candidatura a governador.
Talvez, no entanto, não se possa dizer o mesmo sobre projetos do senador e da família Cunha Lima, enquanto aglomerado político, para o médio e até no longo prazo. O grupo Cunha Lima, sob o comando de Cássio, parece ter um ousado projeto de poder político na Paraíba.
Laboratório de poder - Basta se observar como os integrantes do grupo familiar têm se movimentado nos últimos meses. Como se bastassem o próprio Cássio e primo Romero Rodrigues, a família pôs Ronaldo Cunha Lima Filho na política (vice-prefeito de Campina Grande) e já trabalha para ter Pedro Cunha Lima (filho de Cássio) e o vereador campinense Bruno Cunha Lima (neto do ex-senador Ivandro Cunha Lima) como deputados federal e estadual, respectivamente. Um verdadeiro laboratório de poder.
Quadros com chances - Só aqui a família Cunha Lima já teria quadros para disputar, com chances, o governo do Estado em 2014 ou 2018, depois em 2026, 2030 e por aí afora. Repare-se que o parentesco de primo não torna alguns desses quadros inelegíveis.
Mais dois - Além disso, há outros integrantes da família no laboratório do poder: os vereadores Tovar Correia Lima (Campina Grande) e Artur Cunha Lima Filho (Cabedelo), o primeiro genro de Fernando Catão e o segundo filho de Artur Cunha Lima, conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), são candidatos a deputado estadual.
Agregados - Some-se a isso três agregados que são como se fossem da família – o vice-governador Rômulo Gouveia, o senador Cícero Lucena e o deputado Ruy Carneiro, atual presidente estadual do PSDB.
Plano factível - Atente-se ainda que esse suposto plano de domínio político estadual de 20 ou 30 anos da família Cunha Lima é plenamente factível. O senador Cássio Cunha Lima reúne plenas condições de voltar ao governo e já se estuda, dentro do grupo, se haveria possibilidade de transferência de voto suficiente para eleger outro membro do grupo no curto prazo. E a perspectiva de Pedro Cunha Lima se preparar para ser candidato a governador ao completar 35 anos também é mais do que concreta.
Contrapontos - Do outro lado, os grupos de oposição não dispõem de muitos quadros. À vista, aparecem como possíveis contrapontos apenas o ex-prefeito Veneziano Vital do Rego, seu irmão senador Vital do Rego Filho e o prefeito Luciano Cartaxo, potencial candidato a governador em 2018. A tendência é que o atual governador Ricardo Coutinho se encaminhe para uma atuação parlamentar após o fim de seu governo.
Méritos - A força política do grupo Cunha Lima – força que certamente embasa seu ousado plano de poder – deriva, em muito, dos méritos pessoais do senador Cássio Cunha Lima. Além de herdeiro da popularidade do poeta Ronaldo Cunha Lima, Cássio se iniciou cedo na política, já disputou diretamente quase uma dezena de eleições, exerceu cargos importantes, portanto, tem vasta experiência acumulada, além de grande carisma pessoal e da facilidade do discurso.
Vitimização - Mas Cássio tem também sido ajudado por certa burrice reinante na recente política paraibana. No governo, o atual senador tucano fez apenas uma gestão regular, sem brilho e sem realizações de destaque, mas acabou se mantendo na crista da liderança política no Estado devido aos efeitos da vitimização gerada pela cassação de seu mandato de governador. Vitimização essa reforçada com a cassação do registro de sua candidatura a senador e a demora da posse no Senado (mais de um ano).
Ajuda da oposição - Agora, mais recentemente, a oposição vitaminou ainda mais a liderança de Cássio torcendo, pregando e defendendo seu rompimento com o governador Ricardo Coutinho. Além de abdicar da defesa de um projeto próprio, a estratégia da oposição pôs Cássio permanentemente na mídia nos últimos dois anos.
Beneficiado pela dúvida - Veja-se o caso da suposta inelegibilidade de Cássio, que é outro tema que lhe garante amplos espaços na mídia e alimenta sua popularidade. Qualquer deputado ou partido poderia ter feito uma consulta ao TSE sobre o caso. Com uma resposta negativa, acabaria a dúvida (pelo menos na Justiça Eleitoral) e a especulação da candidatura de Cássio sairia da mídia. Ninguém fez e Cássio continua sendo beneficiado pela dúvida.
No território da cegueira, Cássio reina - É nesse território de cegueira política, que Cássio reina e prepara a família para manter o reinado por muitos e muitos anos, se os caprichos da história novamente não interromperem seus planos.
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