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| Maranhão está no gabinete que era de Cícero, mas Renan quer um maior |
O Senado tenta desde domingo fechar um acordo interpartidário que leve ao preenchimento dos cargos de sua Mesa diretora. Já lá se vão quatro dias. E nada. Marcou-se o fim da novela para as 16h desta quarta-feira (4). O entendimento é travado por picuinhas. Uma delas envolve um dramalhão que, se fosse televisionado, a plateia assistiria como comédia.
A encrenca opõe o presidente reeleito do Senado, Renan Calheiros, e o PSDB, maior partido da oposição. O pretexto da desavença é a ocupação da Primeira-Secretaria, uma espécie de prefeitura do Senado. Pelo critério do tamanho das bancadas, a poltrona pertence ao PSDB. O partido indicou o senador catarinense Paulo Bauer. Renan convidou a senadora goiana Lúcia Vânia.
De início, imaginou-se que o convite valia apenas como uma selfie do voto secreto da senadora Vânia na recondução de Renan. Uma traição à orientação do seu partido, que optara pela malograda candidatura do desafiante Luiz Henrique. Súbito, descobriu-se que havia algo mais por trás da preferência de Renan.
O morubixaba do PMDB prometera acomodar o peemedebista José Maranhão (foto acima), que acaba de ser enviado ao Senado pelo eleitor da Paraíba, num supergabinete. Escolheu o sétimo andar do edifício Anexo 1, aquele espigão que fica ao lado da cuia emborcada para baixo, onde funciona o plenário do Senado. O diabo é que nesse espaço funciona a Primeira-Secretaria. Que Renan quer despachar para outro prédio, mais distante.
O tucano Flexa Ribeiro, atual titular da Primeiro-Secretaria, recusou-se a executar a mudança. Paulo Bauer, o indicado do PSDB, insinuou que não desalojaria a repartição para prover conforto ao amigo de Renan. Ficou entendido que Renan preferia Lúcia Vânia para evitar o convívio com Bauer, um tucano duro de roer.
Açulada por Renan, Vânia ameaçou disputar a vaga com Bauer no voto. O tucanato torceu o nariz. E a senadora retirou-se da contenda. Quando os ânimos pareciam serenados, o líder do PMDB, Eunício Oliveira, fez chegar ao PSDB, na noite passada, a informação de que o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) decidira medir forças com Bauer pela cadeira de Primeiro-Secretário. O PSDB enxergou na novidade as digitais de Renan. Mantida a manobra, os tucanos ameaçam infernizar a tetra-presidência de Renan.
Enquanto o Senado desperdiça o seu tempo, no Brasil real a economia para, a conta de luz dispara, os reservatórios de água se esvaziam e o saco do brasileiro enche. (com Josias de Souza)
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