Em entrevista à Rede Tambaú de Comunicação (RTC), a promotora da infância e juventude, Ivete Arruda, expressou indignação pelo vazamento de informações sobre o caso de estupro no colégio Geo Tambaú, em João Pessoa. De acordo com a promotora, as crianças e adolescentes envolvidos no caso, sejam vítimas ou infratores, devem receber tratamento e apoio.
"A função da 36ª promotoria não é, simplesmente, detectar o infrator e colocar o dedo no nariz dele. a função da promotoria é realinhar o adolescente e mostrar a ele que ele tem oportunidade de ser diferente. Que ele não deve continuar praticando infrações. Então, a nossa meta sempre foi proteger a criança e o adolescente, tanto a vítima quanto o agressor", disse a promotora destacando que a ação não é acobertar o ato infracional, mas recuperar adolescentes.
A promotora disse que quem comete esse tipo de crime já foi vítima um dia. "Todo abusador é abusado. Não existe um abusador que não tenha passado por esse dano. Eu lhe digo com a experiência que eu tenho, da promotoria, que não conheço nenhum caso de abuso em que o abusador não tenha sido vítima de abuso e de pessoas de perto", relatou. E completa: "Eu não estou aqui justificando o erro de A, de B ou de C... A discussão é proteger para que a criança seja curada do trauma, que é uma marca".
Ela ressaltou que o recolhimento não foi solicitado porque não houve situação de flagrante. E explicou que a 36ª Promotoria não tem mais acesso ao processo, por ser porta de entrada. Pro isso, a promotora disse que o vazamento de informações do inquérito, como áudios e fotos, não saíram da promotoria. "A partir do momento em que o processo sai da nossa promotoria, ele é encaminhado à Segunda Vara da Infância e lá um outro promotor de justiça acompanha o caso junto ao Judiciário".
Sobre o caso
O advogado criminalista Aécio Farias assumiu nesta terça-feira, 12, a defesa de dois dos três adolescentes apreendidos sob suspeita de terem estuprado criança de oito anos de idade dentro da escola Geo Tambaú. Aécio disse acreditar que o pedido de internação dos suspeitos “é prematuro”.
Para ele, é importante investigar melhor e ter certeza da prática de ato infracional pelos adolescentes. Mesmo correndo em segredo de justiça, o advogado de defesa disse que exames físicos realizados nas vítimas deram negativo para conjunção carnal, tornando a acusação mais fragilizada.
Vale lembrar que quatro mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 2ª Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Paraíba e três deles foram cumpridos ontem em João Pessoa. Adolescentes de 13, 14 e 17 anos foram apreendidos e encaminhados para o Centro Educacional do Adolescente, ligado a Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (FUNDAC-PB), localizado no bairro Mangabeira, em João Pessoa.
O quarto mandado de busca e apreensão não foi cumprido porque o adolescente não foi encontrado pela Polícia Civil. Ainda ontem a noite, a Escola emitiu nota afirmando que colabora com as autoridades para que toda a situação seja esclarecida.
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