sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Por Ramalho Leite: O Crime de Cássio

* Por Ramalho Leite
O Crime de Cássio
Na sessão de diplomação dos eleitos no ultimo pleito, um candidato ao Senado consagrado nas urnas por mais de um milhão de votos, não recebeu o seu canudo. Segundo entenderam alguns ministros, o sufragado não teve validado seus votos em função da negativa do seu registro. Teria cometido crime eleitoral e por tal motivo, perdera o mandato de governador igualmente referendado por mais de um milhão de paraibanos.
Uma decisão colegiada interrompera seu mandato e suspendera seus direitos políticos por três anos. Cumprida a sentença, era de se esperar que cessaria o impedimento. Ledo engano! A lei nova fixou a punição em oito anos. Dessa forma, entenderam os juízes, a sua pena não estava finada e deveria ser ampliada. Assim, continuava inelegível e seu registro seria mais uma vez negado.
A primeira vez que avistei Cassio Cunha Lima ele era um maior impúbere, se é que existe esse perfil. Trabalhava com Ronaldo na Prefeitura de Campina e fora encarregado de expor as razoes pelas quais o pai não deixaria a edilidade campinense para ser candidato a Senador. Estávamos no quarto do poeta Raimundo Asfora. O menino de Ronaldo era ouvido em silencio e respeitosamente por Tarcisio Burity, candidato a Governador, o dono da casa, que postulava a vice, Waldir dos Santos Lima, Sólon Benevides e eu , que acompanhamos Humberto Lucena à serra em busca da força política de Ronaldo para concorrer ao Senado. Convencidos todos das razoes expostas por Cássio, partimos para o Parque do Povo onde Ronaldo anunciou sua decisão. Ficaria em Campina.
Asfora, então deputado, foi escolhido vice de Burity e Cássio ocuparia sua vaga na Câmara Federal. De lá, veio para a Prefeitura de Campina. Prefeito uma, duas, três vezes. Nunca teve qualquer conta desaprovada seja a nível estadual ou federal.
Superintendente da SUDENE, nessa qualidade integrou o Conselho de Administração do Banco do Nordeste onde eu também tinha assento como Diretor de Credito Rural daquele instituição. A gestão do BNB é acompanhada e fiscalizada pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas da União. Não houve também ali, ou na sua gestão na SUDENE qualquer ato que comprometesse a sua ficha limpíssima
Venceu uma campanha desigual para o Governo da Paraíba. Reeleito, teve seu mandato tomado. Suas prestações de contas anuais, de todos os exercícios, foram consideradas regulares e tiveram recomendação favorável à sua aprovação.
Teria Cássio cometido algum deslize na Assembléia Nacional Constituinte quando apresentou emenda fixando o salário mínimo como remuneração do trabalhador rural aposentado ou quando propôs o acesso gratuito de idosos ao transporte coletivo? Também não! Desse período só existem registros positivos.
O seu pecado foi governar para os que mais precisam. Seu defeito foi ir às ruas e praças encontrar os pequenos e ouvir os seus lamentos. Seu único crime foi tentar diminuir a pobreza dos paraibanos e atenuar as suas dores.
No Senado tem uma cadeira vazia. A Justiça haverá de ser feita. A PARAÍBA espera ser representada por quem foi eleito. Já basta de mandatos usurpados.
* Advogado, jornalista e escritor, ex-deputado federal.

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