segunda-feira, 21 de março de 2022

Por que Pedro Cunha Lima “esqueceu” Cássio? Por – Eliabe Castor

As relações paternas e filiais, bem regadas no início, adotando o amor, cumplicidade e admiração mútua, trazem para o alicerce familiar segurança e estabilidade nas mais variadas formas. Contudo, tal premissa é desfeita, em alguns casos, quando os atores envolvidos estão inseridos na chamada “bolha” político-partidária, pois tornam-se pessoas públicas, e a individualidade completa de cada um, de certa forma, deixa de existir, devido à exposição em excesso das suas vidas particulares.

Há uma “vigilância” da mídia, e da própria população, sobre os que se aventuram no mundo político. As cobranças são enormes, indagações mil chegam para quem está no tablado de tal teatro. Especulações estão no cardápio do dia. E aqui observo o jovem deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), pré-candidato a governador da Paraíba, no meio dessa linha de fogo.

O parlamentar começa a sentir uma pressão lógica do próprio eleitorado por não citar nas entrevistas à mídia, e nas visitas a correligionários de todo o estado, o nome do seu pai, Cássio Cunha Lima (PSDB), expoente maior da família e figura central do partido tucano na Paraíba, mesmo estando ele afastado do mundo político, dedicando seu tempo à advocacia.

É claro! O tempo de Cássio está voltado a outras atribuições profissionais, e é muito lógico o mesmo não estar presente in loco na pré-campanha de Pedro, estando hoje fazendo as honras do jovem parlamentar o experiente deputado federal Ruy Carneiro, que sairá do PSDB, mas que buscará um partido da base aliada de Cunha Lima.

E aqui não questiono a fidelidade e o amor de pai e filho. Só observo esse deslize estratégico de Pedro Cunha Lima em praticamente “anular” seu genitor; seja nas redes sociais, na grande mídia, e no que há de mais importante para um político: o povo. Tal tática é muito arriscada.

Talvez a estratégia tenha sido parida pelo próprio Cássio Cunha Lima, a fim do mesmo só entrar, de forma efetiva no front de batalha quando a campanha começar realmente. Mas se o caso for este, trata-se de uma aposta muito alta e que já começa a afetar a própria pré-campanha de Pedro, pois especulações eclodem para entender o real motivo do parlamentar “esquecer” o nome do pai em suas aparições públicas ou nas suas falas e postagens.

É preciso entender que Cássio preparou Pedro para ser seu sucessor, assim como o ex-governador Ronaldo Cunha Lima investiu em Cássio para dar seguimento à linhagem política da família. Tentar romper esse elo pode ser uma opção do pré-candidato ao governo da Paraíba, que adotou o discurso da inovação, a fim de dar-lhe autonomia e luz própria.

Mas, seja que verdade for, é uma aposta alta, que pode ou não surtir o efeito desejado aos Cunha Lima como um todo. E o resultado, incerto, só poderá ser medido nas urnas. Agora é aguardar os novos capítulos desse folhetim complexo.    

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