quinta-feira, 29 de junho de 2017

Temer se reuniu com Gilmar Mendes e recebeu Dodge antes de indicá-la para a PGR

Com a rapidez de um raio, Michel Temer indicou a sucessora do procurador-geral da República Rodrigo Janot horas depois de receber a lista tríplice com os nomes mais votados pela corporação. Refugou o primeiro nome da lista, Nicolao Dino. Conforme previsto aqui, indicou sua preferida: Raquel Dodge, a segunda colocada. Deve-se a pressa de Temer ao desejo de injetar desde logo no cenário político a perspectiva de um contraponto à atuação de Janot, que deixará o cargo em 17 de setembro.
Subprocuradora-geral, Raquel Dodge é uma clara antagonista de Janot. Além da simpatia de Temer, contava com o apoio de caciques do PMDB, entre eles José Sarney e Renan Calheiros. Esses apoios lhe serão úteis na segunda fase do processo: a aprovação do seu nome no Senado Federal. A escolhida planeja visitar senadores. Deseja, segundo diz, expor seu plano de trabalho. Pesou também a favor da nova procuradora-geral da República o apoio do ministro Gilmar Mendes, do STF, amigo de Temer e desafeto de Janot. Temer se reuniu nesta terça-feira (27) à noite, fora da agenda oficial, com Gilmar Mendes. Antes de o governo anunciar a escolha de Raquel Dodge para a Procuradoria Geral da República, o presidente a recebeu no Palácio do Planalto.
Içada à chefia do Ministério Público Federal por um presidente denunciado, Raquel Dodge talvez tenha de lidar com parte do espólio de denúncias que Janot fará contra Temer. O presidente e seu grupo político estão aliviados com a perspectiva de se livrar de Janot. O alívio nestes casos pode ser, porém, ilusório. Nos seus dois mandatos, Lula indicou meia dúzia de ministros para o STF. Um deles, Joaquim Barbosa, revelou-se um insuspeitado algoz do petismo como relator do processo do mensalão.

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