terça-feira, 26 de janeiro de 2021

O pré lançamento da candidatura de Luciano Huck à presidência da República

Apresentador da TV Globo há anos, Luciano Huck dispensa apresentações. Difícil encontrar um brasileiro que não saiba quem ele é.  E isso o coloca num patamar diferenciado no hall dos presidenciáveis para 2022.

O fenômeno não é novo. Nem raro. Desde Silvio Santos em 1989, passando por Donald Trump em 2016 e João Dória em 2018, somente para ficar com cases mais emblemáticos, vimos empresários com atuações na televisão colocarem seus nomes para disputar cargos majoritários.

O que eles todos tem em comum? Já começam na disputa tendo vencido a etapa de se tornarem conhecidos do eleitorado. E na política, como em quase qualquer outro ramo, um pouco de (boa) fama não faz mal a ninguém. Claro que, na política, ser desconhecido não é necessariamente um defeito. Às vezes, é até vantagem porque se pode apresentar um candidato partindo do zero e fazê-lo ser conhecido somente pelas virtudes.

No caso de Huck, ele não parte do zero. Parte de um ponto que o colocou como personalidade pública conhecida. Empresário, membro da elite branca paulista, e bem relacionado, suas qualidades já foram captadas pelos personagens mais proeminentes da Avenida Paulista.  E que sonham com a possibilidade do apresentador ser o grande trunfo que forças de centro, ou da direita moderada, para confrontar o extremismo do presidente Jair Bolsonaro.

No caldeirão de Huck, além disso, soma-se a empatia que ele consegue demonstrar com causas sociais, a interação com camadas mais baixas da população, e sua espontaneidade, que está longe da artificialidade que Dória aparenta.

Os incrédulos poderão dizer que ele não iria a lugar algum pois bastaria alguém dizer que ele não tem experiência alguma para ser presidente do Brasil uma vez que nunca administrou, além do próprio nome, gestão pública alguma. Argumento fragilíssimo porque Bolsonaro, até virar presidente, também não.

Por conta disso, não é tratado como piada por gente que tem conta bancária de fazer inveja a listáveis da Forbes.

Huck sabe disso. E alimenta esse espectro, ao mesmo tempo, sem deixá-lo passar fome nem engordá-lo. No artigo que escreveu para a Revista Veja na edição do dia 13 de janeiro, ele pareceu avançar um pouco mais na dieta do “talvez” e deixou pistas mais evidentes sobre seus desejos.

Ao fazer um balanço de tudo o que já fez do bom para o Brasil, em especial sua contribuição no período mais crítico da pandemia, Huck disse frases como “existe uma vontade pessoal minha de atuar na construção de um futuro mais próspero e justo para nossa sociedade”.

Ao tratar de uma tese defendida pela historiadora Anne Applebaum registrou a necessidade de formação de um reagrupamento político e instalação de uma contranarrativa com objetivo de deter os extremos antidemocráticos. “Um chamado que considero irresistível e que conta com ventos a favor”, declarou no texto.

Ao citar trecho de música de Caetano Veloso, para quem “coragem grande é poder dizer sim”, Huck, cujo sim é esperado por alguns, arremata dizendo: “Temos de arregaçar as mangas das nossas camisas, pisar no chão da realidade e elaborar um projeto de nação que faça o Brasil liderar agendas globais”.

Seu maior desafio seria acertar n a escolha do partido e, paralelamente, avançar em composições que atraiam apoio de outros nomes cotados, a exemplo do próprio Dória, e dos ex-ministros Moro e Mandetta.

Afora isso, Huck tem sim todas as credenciais para esquentar o caldeirão da próxima disputa presidencial no Brasil. Desde que tenha coragem pra dizer sim.

Por Luís Tôrres

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