A notória Casa da Dinda, mansão com torneiras de ouro reformada com dinheiro de contas fantasmas movimentadas pelo tesoureiro Paulo César Farias, voltou ao cenário político nesta terça-feira na Operação Politeia, da Polícia Federal. Residência oficial do senador Fernando Collor (PTB-AL) na época em que ele era presidente da República, a casa abrigava uma valiosa coleção de carros de luxo. Na manhã desta terça-feira, porém, os automóveis do senador, entre eles um Porsche, uma Ferrari vermelha e um Lamborghini foram levados pelos policiais.
Fernando Collor de Mello passou da imoralidade para a amoralidade sem o estágio intermediário de pelo menos algo para chamar mais tarde, numa conversa com os netos, de ‘bons tempos’. Escorraçado da Presidência da República, Collor purgou seu degredo político no circuito Miami-São Paulo-Maceió. Depois, elegeu-se senador, converteu-se aos inimigos, virou lulista de mostruário e achegou-se à Petrobras.
Pilhado pela Operação Lava Jato comendo com as mãos dentro dos cofres da BR Distribuidora, Collor recebeu nesta terça-feira em seus endereços residenciais e comerciais visitas da Polícia Federal. Confiscaram-lhe os carrões. Não gostou. Em nota, tachou a ação da PF de “invasiva e arbitrária”. Curioso, muito curioso, curiosíssimo. Indicar prepostos para invadir uma subsidiária da Petrobras pode! Investigar a suspeita de assalto é arbitrariedade.
Collor se queixa de não ter sido ouvido pelos investigadores. Logo perceberá que, numa investigação policial, o tempo é senhor da razão. Será inquirido apenas quando todos os indícios já tiverem cara de provas. Para Collor, o objetivo das autoridades é o de constrangê-lo. Não se deu conta de que, nessa seara, constrangimento maior é a impunidade. Batida policial com autorização do STF é evidência da vitalidade de uma democracia que começa a evoluir do crime para o castigo.
Apenas o Lamborghini modelo Aventor (imagem acima) é avaliado em R$ 3,3 milhões de reais. Já a Ferrari 458 Itália sai por R$ 1,95 milhões, enquanto o Posche Panamera Turbo custa R$ 999 mil.
Collor é um dos senadores alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato e um dos parlamentares contra os quais pairam mais provas de envolvimento no petrolão. Em acordo de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou, por exemplo, que Collor era beneficiário de propina em uma operação da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A distribuição do dinheiro sujo contava com a participação do ex-ministro de Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, dono da GPI Investimentos e amigo de longa data do senador.
Na triangulação do suborno, foi fechado um contrato com uma rede de postos de combustível de São Paulo e que previa a troca de bandeira da rede, para que o grupo se tornasse um revendedor da BR Distribuidora. O negócio totalizou R$ 300 milhões de reais, e a cota de propina, equivalente a 1% do contrato, foi repassada a Leoni Ramos, que encaminhava finalmente a Collor. Na explosiva delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, Fernando Collor também foi citado como o destinatário de R$ 20 milhões de reais em propina, pagos pela construtora entre 2010 e 2012, para que o senador defendesse interesses da companhia com a BR Distribuidora.
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