Como se sabe, Deus está em toda parte. Mas de maneira geral o demônio controla as finanças. Por isso, o sucessor de Bento 16 terá um desafio adicional. Além de guiar o rebanho de católicos ao redor do planeta —coisa de 1,2 bilhão de ovelhas—, o novo papa não poderá descuidar do caixa. Os repórteres Carol Matlack e Bernhard Warner inventariaram algumas das encrenca$ que se acumulam na Santa Sé. Ei-las:
1. Custo-pedofilia: sob Bento 16, o Vaticano viu-se enredado pelas denúncias de abusos sexuais praticados, por assim dizer, nas sacristias. Acordos e sentenças judiciais custaram bilhões de dólares e levaram à falência algumas dioceses. Como se fosse pouco, há inúmeros processos pendentes de julgamento.
2. Paradoxo: o vaivém dos católicos desenha um esboço que conspira contra o equilíbrio das sacrossantas arcas: o número de fiéis decresce nos países ricos e aumenta em nações pobres da África, da Ásia e da América Latina. “Há lugares em que as igrejas estão cheias, mas os recursos são limitados”, diz Chester Gillis, decano da Georgetown College e professor de teologia da universidade americana de Georgetown.
3. Corrupção: em 2010, promotores italianos abriram investigação por lavagem de dinheiro contra o presidente do banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi. Bloquearam US$ 30 milhões de uma conta ligada à casa bancária da Igreja. Em maio do ano passado, Tedeschi foi mandado ao olho da rua. O Vaticano contratou um advogado suíço, Rene Bruelhart, bambambã em crimes financeiros. Porém…
Os contrangimentos remanescem. No mês passado, como consequência da investigação, fecharam-se todos os caixas eletrônicos do Vaticano. Pior: as bilheterias e lojinhas do museu local foram proibidas de aceitar dos visitantes pagamentos em cartões de crédito e de débito.
Perto dos bilhões movimentados anualmente pelas dioceses católicas ao redor do mundo, os US$ 120 milhões que os visitantes deixam anualmente na caixa registradora do Vaticano constituem café pequeno. Mas a atmosfera de crise recomenda a valorização dos centavos.
4. Vatileaks: afora o escândalo bancário, estourou no ano passado o caso do vazamento de documentos do Vaticano. Levantaram-se as pontas de tapetes sob os quais escondem-se indícios de corrupção. Um dos vazadores, o mordomo do papa, foi condenado, preso e, posteriormente, perdoado por Sua Santidade. O diabo é que o papelório pouco higiênico continuou chegando às mãos de jornalistas. Evidência de que o Vaticano ainda convive com seus Judas. Algo que não contribui para a restauração da imagem do negócio.
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