quinta-feira, 28 de abril de 2016

Câmara de Itaporanga aprovou concessão do Título de Cidadã Itaporanguense a Dona Dalvinha, numa justa homenagem aos serviços prestados à comunidade.

Foi aprovado por unanimidade na noite desta quinta-feira (28), pela Câmara Municipal de Itaporanga, Projeto de Decreto Legislativo nº 01/2016, que outorga o título de Cidadã Itaporanguense a servidora pública aposentada Lindinalva Silva Pinto, pelos serviços prestados à comunidade local, por seu trabalho como servidora pública e ativista comunitária que sempre propiciou aos itaporanguenses grande dedicação e compromisso social. 
O vereador Jailson de Zeca (PTB), propositor da justa homenagem, destacou o papel importante de Dona Dalvinha "da Emater", como é conhecida a homenageada. “É uma grande honra para esse mandato e para Câmara conceder essa honraria para dona Dalvinha, guerreira, honrada e abnegada mãe de família, que é um exemplo para toda população. Soube enfrentar as dificuldades que a vida colocou em sua frente, quando ficou viúva ainda jovem mas criou seus filhos com dedicação e ainda hoje dá sua contribuição à nossa comunidade...”, disse o vereador. A entrega da honraria será feita em sessão solene, em data a ser agendada.

Histórico

Lindinalva Silva PintoDona Dalva, Dalvinha da Emater, Dalvinha de Dandão. Pernambucana de nascimento, paraibana de coração. Nasceu no dia 15 de novembro de 1942.  Caminhando para os 74 anos de vida, dedicados à família, ao trabalho, ao serviço da comunhão e da vida. 
Jovem, no dia 21 de agosto de 1963, casou-se com João Pereira da Silva (Dandão), na matriz Nossa Senhora da Conceição em Itaporanga, seu enlace matrimonial foi celebrado na presença do Reverendíssimo Padre José Sinfrônio de Assis Filho. 
Os primeiros anos de casada foram vividos em João Pessoa, em seguida Boa Ventura, Diamante e, finalmente, Itaporanga. Terra que Dona Dalvinha adotou como mãe, faltando que esta Terra fizesse justiça, adotando Dona Dalvinha como filha, não só de fato, mas de lei, de reconhecimento, de gratidão, como cidadã Itaporanguense. O que aconteceu nesta noite.
Mãe de 10 filhos, Risalva faleceu ainda criança, os outros 09 filhos (João, Rafael, Roméria, Rosimere, Risoneide, Roberta, Rubênia, Ruth e Ricardo) constituem o verdadeiro legado do casal Dandão e Dalvinha.  Filhos que com as graças e a coragem de Dona Dalvinha, triunfaram e prosperaram na vida pessoal e profissional. Avó de 14 netos: Rodrigo, Raphaela, Rayane, Itauã, Rayslânia, Rauan, Ruan, Rauana, Raquel, Barbára, Bianca, Renan, Beatriz e Raissa,  3 bisnetos: Anna Katarina, José Arthur e Santiago. 
O poeta Vinicius de Moraes escreveu: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. No dia 26 de janeiro de 1980, Dona Dalvinha fica viúva com o falecimento do seu esposo João Pereira da Silva – Dandão. 
O óbito do esposo, do companheiro, do amigo. Abalou a família de nove filhos, o mais velho com 14 anos. Mas, a fé perseverante de Dona Dalvinha  não foi abalada, confiou nos ensinamento de Jesus: “No céu não haverá tristeza, doença, nem sombra de dor, e o prêmio da fé é a certeza, de viver feliz com o Senhor”. 
Foram momentos difíceis, de dificuldades, de dúvidas, mas a devoção a Nossa Senhora da Conceição e as orações fortaleceram a família. Dona Dalvinha assim, como Rute a viúva de bom coração presente no antigo testamento, escutou de Deus: “Agora, minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que me pedir. Todos os meus concidadãos sabem que você é uma mulher virtuosa” (Rute 3:11).
Assim como o anjo do Senhor anunciou a Maria. Surgem anjos na forma humana e estendem as mãos a família. São muitos que estenderam as mãos para ajudar, ao lembrar alguns: Seus irmãos Chico e Luzinete que foram luz na vida da senhora e da família; o ex-prefeito Marleno Barros, que deu o primeiro emprego ao seu filho mais velho; o ex-prefeito Abraão Diniz que foi o amigo do casal; o ex-presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba, deputado Soares Madruga que deu a oportunidade do primeiro emprego, fonte de sustento da família; Padre José Sinfrônio que acolheu seus filhos no Colégio Diocesano, e tantos outros, que silenciosamente contribuíram e acreditaram que “a mulher sábia edifica a sua casa”. 
Não poderia esquecer Dona Dalva, as pessoas mais importantes, quando ela mais precisou, “aqueles que lhe deram a vida”: “Pai Tonho” e “Codina”, seus pais, presentes na educação dos filhos e esteve sempre próximo da filha e dos netos.
Dona Dalvinha, a senhora não estaria aqui recebendo tamanha homenagem sem o sangue, o suor, as lágrimas e a mão estendida de tantos amigos presentes durante 30 anos, dedicados profissionalmente a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo do Estado da Paraíba – EMATER-PB. Trabalho que rendeu na empresa e na vida pessoal, um novo batismo “Dalvinha da Emater”. Atualmente, está aposentada pela empresa, mas sempre recebe o carinho e a visita dos colegas de trabalho.
Desbravadora, na década de 1990, construiu uma casa no loteamento do Rosário, com a ajuda dos amigos eletrificou, sendo a primeira moradora, ainda hoje conhecida como a Rua de Dona Dalvinha, que por iniciativa do vereador Antonio de Bruno Pitas, carrega o nome do seu esposo Rua João Pereira da Silva. Dona Dalvinha também foi presidente do Núcleo de Integração Rural do Junco.
“Dizem que quando rezamos, nós estamos fazendo pedidos a Deus, e quando meditamos estamos agradecendo”. Todas as manhãs, encontro Dona Dalva meditando silenciosamente o terço, agradecendo ao Senhor pela vida. No silencio da meditação, acredito que muitas vezes Jesus falou: “No mundo tereis tribulações. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo”
Dona Dalva é uma mulher cujo coração é todo tecido de bondade acolhedora e compreensiva, bondade que não se gasta com o tempo, mas se enriquece ao embate da dor, se agigantou diante da perca do esposo, e construiu uma família feliz, realizada e de sucesso. 
Na vida religiosa da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição sempre foi presente e ativa, sempre tinha um neto coroando a Imagem da Padroeira, contribuindo socialmente com o Rosário de Nossa Senhora. No leilão, lá estava à devota com a galinha nas mãos. E o leiloeiro a gritar: “Quanto vale essa galinha Dona Dalvinha?” 
Mulher de muita religiosidade, fé e humildade compõem a Liga de Santa Terezinha, inspirado nos ensinamentos teresianos:
”Fica sempre um pouco de perfume
Nas mãos que oferecem rosas
Nas mãos que sabem ser generosas
Dar o pouco que se tem a quem tem menos ainda
Enriquece o doador, faz sua alma ainda mais linda
Dar ao próximo alegria parece coisa tão singela
Aos olhos de Deus, porém é das artes a mais bela”
 
 
No último dia 08 de março, Dona Dalvinha foi homenageada pela Prefeitura Municipal representando aa garra e bravura das Mulheres de Itaporanga.
Dona Dalvinha, o seu conterrâneo pernambucano Luiz Gonzaga, puxou a sanfona e ecoou:  “Olha lá. No alto do morro. Ele está vivo. O padre não tá morto........ Viva meu Padim. Viva meu Padim. Cícero Romão” . Dona Dalvinha, não poderia esquecer a confiança e a devoção que a senhora tem ao Padre Cícero do Juazeiro e a Nossa Senhora das Dores. Quantas viagens em romaria ao Juazeiro do Norte para agradecer. Acompanhado das fitas do Padim Ciço, das velas, muitas vezes, o santinho do candidato do coração faziam parte dos agradecimentos.
Eis a mulher Lindinalva Silva Pinto, viúva aos 38 anos, funcionária da EMATER-PB por trinta anos, cuidou e formou nove filhos, acolheu 14 netos e 03 bisnetos.  Um legado, que justifica a homenagem a Dona Dalvinha, que no momento representa, outras tantas mulheres guerreiras de Itaporanga.

[Texto do professor e historiador Francisco Raimundo, quando da homenagem recebida por Dona Dalvinha, no último dia 08 de março]

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