quinta-feira, 28 de abril de 2016

O significado da marcha à ré do PSB...

joaoricardo
João Azevedo, a criatura, não resistiu, apesar do esforço do criador, Ricardo...
“Mas eis que chega a roda viva/E carrega o destino pra lá”. Os versos do inconfundível Chico Buarque ilustram bem a decisão do PSB oficializada no sereno da noite desta terça-feira, ao bater em retirada com a candidatura do secretário João Azevedo, apresentado em dezembro passado como representação máxima do êxito do governo RC.
A mudança brusca de planos representa um recuo e transmite, queira ou não queira, um atestado de fragilidade no chamado “projeto”. Foi João o homem ‘eleito’ por Ricardo Coutinho como o mais preparado para governar João Pessoa e como o melhor quadro disponível do partido para assumir a tarefa de enfrentar as urnas em 2016 como a personificação do padrão socialista de administrar.
Foi João o beneficiário de toda uma estratégia midiática e política com direito a mídia-training, repaginação visual, entrevistas seguidas, aparições, menções, discursos em seu favor e ataques seqüenciados contra o adversário Luciano Cartaxo, tudo executado sob a batuta pessoal do próprio Ricardo Coutinho, cabo eleitoral, timoneiro e artífice maior da operação.
De tanto esforço, o governador exagerou na dose e não permitiu que João existisse como personagem com capacidade de caminhar com as próprias pernas, como se o engenheiro ilustre de Cruz das Armas fosse candidato a despachante do Palácio e não prefeito da maior e mais importante cidade do Estado, cuja auto-estima impõe a condição de ser  governada por um líder, e não por um capricho.
A justificativa dada pelo partido em nota, rasa e inverossímil, teve pouca serventia para explicar a saída. Prestou-se mais para diminuir João enquanto agente político e evidenciá-lo como figura pública sem autonomia sequer para ser o dono de sua desistência. Pela forma, Azevedo não foi somente retirado da disputa, foi achatado de possibilidades futuras. Coisa que, pela contribuição e valor pessoal, ele poderia ter sido poupado.
Mas o PSB não tem mais tempo para chorar o leite derramado. Diante do quadro desfavorável e delicado, urge a missão de explicar: como o candidato que tinha a cara do governo vitorioso e do governador não tem voto para subsistir na disputa? Para complicar mais, precisará escolher um substituto que levará nas costas o peso do fracasso do substituído. Um ‘vivo’ carregando um ‘morto’. (Por Heron Cid)

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