sábado, 20 de junho de 2015

Instantes antes de ser preso, Marcelo Odebrecht contactou Planalto e disse que se não estivesse solto logo não 'haveria República na segunda-feira'; enquanto o pai, Emílio, dono da Odebrecht ameaçara: "Se prenderem o Marcelo, terão de arrumar mais três celas. Uma pra mim, outra para Lula e outra para Dilma".

Os riscos envolvidos na prisão de Marcelo Odebrecht seriam tão grandes que todo o estrago que a Operação Lava Jato já fez no Legislativo, no Executivo e no mercado da construção pesada virou prefácio. A política experimenta um sentimento inédito de vulnerabilidade. A oposição está preocupada. E o governo está em pânico. Quem consegue dormir bem enquanto todos perdem o sono à sua volta provavelmente está mal informado.
Em sua última edição, a revista Época relata que o presidente da Odebrecht descontrolou-se quando os policiais federais chegaram em sua casa com um mandado de prisão. Antes de ser levado, Marcelo Odebrecht teria feito três ligações. Numa delas, alcançou um amigo com credenciais para contactar Lula e Dilma Rousseff. “É para resolver essa lambança”, teria mandado dizer. “Ou não haverá República na segunda-feira.”
Os destinatários do recado podem até considerar adequado dialogar com o novo hóspede da carceragem da PF em Curitiba. Mas os únicos interlocutores que o mandachuva da Odebrecht terá nos próximos dias, além dos seus advogados, serão os membros da força-tarefa da Lava Jato. E já está entendido que, para esses personagens, Marcelo Odebrecht precisa de interrogatório, não de diálogo.
Emílio Odebrecht, patriarca da família que controla a maior construtora da América Latina, também teve acessos de raiva nos últimos dias, informa a notícia de Época. Seu pavio diminuía na proporção direta do crescimento dos rumores sobre a perspectiva de detenção do filho. Conforme o relato de amigos, Emílio deu para repetir uma ameaça: “Se prenderem o Marcelo, terão de arrumar mais três celas. Uma para mim, outra para o Lula e outra para a Dilma.”
Ainda não sabe para onde a Lava Jato vai levar o Brasil. Mas a operação já surte efeitos extraordinários. Intima o país à reflexão. O caos já começou ou ainda não chegamos ao fundo do Pós-Odebrecht?, eis a pergunta que o brasileiro faz a si mesmo enquanto caminha para o insondável. Se a família Odebrecht cumprisse as ameaças de romper o silêncio, o país talvez eliminasse a fase do caos, caindo direto no pântano. Que é o melhor lugar para começar uma nação inteiramente nova. (Com Josias de Souza)

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