segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Vice-presidente Michel Temer deixa a articulação política do governo...

Em reunião com Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer devolveu as atribuições de articulador político que haviam sido delegadas a ele. A presidente tentou demover Temer. Mas ele preferiu afastar a barriga do balcão da baixa política, onde cargos e verbas são trocados por promessas de apoio congressual. Com isso, o Planalto terá de encontrar um novo personagem para cuidar desse troca-troca. Temer agora diz que cuidará apenas da “macropolítica''.
O vice-presidente estava no centro de dois polos em conflito. Era torpedeado pelos auxiliares petistas de Dilma desde que declarou, há duas semanas, que a crise era grave e que o governo precisava de “alguém” que reunificasse o país. E era pressionado por correlegionários peemedebistas para que deixasse de servir de escudo para uma presidente da República vista por um pedaço do PMDB como hemorrágica.
Ao aprovar na semana passada o projeto que reonera a folha salarial de 56 setores da economia, o Senado deu a Temer o pretexto que precisava para retornar às suas atribuições constitucionais. Essa era a última proposta do chamado ajuste fiscal do governo que faltava aprovar no Legislativo. Temer deu sua missão como articulador do varejo da política por cumprida.
Bem ao seu estilo, acomodatício, Temer não atribui ao movimento nenhum caráter de ruptura com Dilma. Ao contrário. Ele se coloca à disposição da presidente para auxiliá-la. Daí o discurso de que continuará cuidando do que chama de “macropolítica”. Até porque na política miúda nem todos os compromissos assumidos pelo vice vinham sendo honrados pelo governo. O rateio de cargos esbarrava na Casa Civil. O provimento das emendas orçamentárias empacou no Ministério da Fazenda. As arcas do Tesouro estão em petição de miséria. (com Josias de Souza)

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