quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Derrota de Hugo Motta mostra que o poder de Eduardo Cunha já era...

Picciani sendo cumprimentado por Cunha...
A derrota do deputado federal paraibano Hugo Motta para Leonardo Picciani, do Rio de Janeiro, representou como o alardeado uma vitória do Planalto, da presidente Dilma Rousseff (PT) contra o enlameado presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E cá para nós, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido com o deputado paraibano. O placar de 37 votos a 30 foi muito bom para um parlamentar de apenas 26 anos, mas sobretudo pelo fato de que se ganhasse, Motta assumiria o estigma de pau mandado de Cunha. E isso, ninguém merece.
Eduardo Cunha se envolveu pessoalmente na campanha para a eleição de Hugo Motta para a liderança do PMDB. Pedia voto para os correligionários dizendo que votar em Hugo Motta era o mesmo que votar nele. É muito peso para um cidadão que tem projetos futuros carregar. É bem verdade que dos 30 votos conquistados, pouquíssimos deles o paraibano conseguiu por carisma pessoal ou peso político. Foi mesmo a influência de Cunha que contou no final das contas. Mas se eleito, Hugo Motta teria que, digamos, vender a alma ao diabo e defender Cunha sempre.
O Planalto entrou com tudo na disputa. As articulações fizeram ir ao Congresso um ministro, Marcelo Castro, e dois secretários. Ao todo, 67 pessoas votaram. Dois votaram em branco e outros dois nem compareceram. Entre eles, o deputado federal Jarbas Vasconcelos, ex-governador de Pernambuco, para quem Motta e Picciani não passam de dois capachos. O fato é que as duas candidaturas eram baseadas nos interesses dos grupos políticos que os reforçaram, com seus interesses, que acabaram falando mais alto.
A eleição de Leonardo Picciani tem o significado de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff perde força. A menos que ela, seguindo o roteiro de sempre, cometa mais erros na condução política. Também mostra que Cunha caminha para o ostracismo político, com o abandono dos principais aliados e a consequente cassação do mandato. Se Dilma depende de Picciani para enfraquecer o processo de cassação, Cunha esperava que Hugo Motta fosse sua lanterna para se livrar da cassação.
Vale ressaltar que independente do resultado, o PMDB continuará rachado. Mas nunca foi diferente. O partido se divide entre os que estão no guarda-chuva do governo e próximos à oposição. Sempre, as coveniências indicaram quem estaria onde neste taboleiro de xadrês. Mas é fato: Hugo Motta não foi derrotado, ele pulou uma fogueira. (Por Suetoni Souto Maior)

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