quinta-feira, 3 de março de 2016

Em delação, Delcídio acusa o ministro Vital do Rego de extorquir empresários para não depor na CPI da Petrobras, que era presidida por ele Congresso.

vitaldorego
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), ex-senador Vital do Rêgo Filho, foi acusado de praticar suposta extorsão a empresários para que eles não fossem convocados para depor na CPI da Petrobras, que a época era presidida pelo paraibano.
A denúncia foi feita pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) em delação premiada, que a IstoÉ teve acesso e publicou nesta quinta-feira (3). Segundo ele, os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Vital do Rego (PMDB-PB), além dos deputados Marco Maia (PT-RS) e Fernando Francischini (SD-PR), cobravam de empreiteiros para que eles não fossem convocados na CPI da Petrobras.
“A CPI obrigava Léo Pinheiro, Júlio Camargo e Ricardo Pessoa a jantarem todas as segundas-feiras em Brasília. O objetivo desses jantares era evitar que os empresários fossem convocados para depor na CPI. Os senadores Gim Argello, Vital do Rego e os deputados Marco Maia e Francischini cobravam pedágio para não convocar e evitar maiores investigações contra Léo Pinheiro, Júlio Camargo e Ricardo Pessoa.” De acordo com a publicação, pouco antes de deixar a prisão, no dia 19 de fevereiro, o Delcídio do Amaral fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. A delação ocupa cerca de 400 páginas e “formam o mais explosivo relato até agora revelado sobre o maior esquema de corrupção no Brasil – e outros escândalos que abalaram a República, como o mensalão”.
Segundo a matéria, com extraordinária riqueza de detalhes, o senador descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato.
O senador Delcídio também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações – inclusive sendo o mandante do pagamento de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas. O relato de Delcídio é devastador e complica de vez Dilma e Lula, pois trata-se de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões em que decisões nada republicanas foram tomadas, como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas –a mando de Dilma e Lula, segundo ele.
Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação. O acordo só não foi sacramentado até agora por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio. Apesar de avalizada por procuradores da Lava Jato, a condição imposta pelo petista não foi aceita por Zavascki, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República e concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência. Para o senador, os seis meses eram o tempo necessário para ele conseguir escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Agora, seus planos parecem comprometidos. (Com IstoÉ)

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