quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Rompendo com João, Ricardo terá um antagonista para chamar de seu; Trajetória política de RC é repleta de histórias de ex-aliados que viraram adversários e foram “destruídos”...

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A política é a arte de unir inimigos e separar irmãos. Essa é uma frase antiga da política que sempre descreve bem acontecimentos novos. Uma simples passagem pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) por estes dias é capaz de mostrar o porquê. Os até bem pouco tempo “melhores amigos” do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) têm tido dificuldades para elencar adjetivos elogiosos que designem o ex-líder. A maior parte dos 24 parlamentares governistas já apresentaram as credenciais e devem seguir João Azevêdo (do PSB, por enquanto) no eventual rompimento entre os dois. No mesmo sentido, para tornar ainda mais atual a frase que abre o texto, adversários traçam rota de aproximação de João.
O ponto de convergência em relação ao atual governador, que une governistas e oposicionistas é, efetivamente, o afastamento de Ricardo. O tom tem sido dado por outro Ricardo, o Barbosa, líder do governo, em pronunciamentos na tribuna da Assembleia. Nesta terça-feira (17), ele usou o espaço para tecer críticas e desmerecer entrevista recente de Coutinho. Ao blog, o socialista puxou para si a responsabilidade pela eleição dos aliados. Entre eles, 22 dos 24 deputados governistas. Traço negado por Barbosa, para quem o projeto e não apenas Coutinho serviu para a eleição do grupo.
Antes de Ricardo Barbosa, coube ao próprio João Azevêdo traçar linha de colisão com Coutinho. Durante entrevista no fim de semana, ele rebateu ponto a ponto as declarações do mentor político, de que teria se sacrificado em nome do projeto. O ex-governador disse que não abriria mão de disputar o Senado, caso as eleições fossem hoje. Alega que fez um sacrifício no pleito de 2018. Um sacrifício que virou ironia nas palavras de João, para quem não seria necessário o esforço do hoje  (ex)aliado.
O roteiro discursivo, hoje, lembra muito mais o de inimigos que os de amigos de longas datas. A iminente separação tem potencial para provocar um novo arranjo na Assembleia Legislativa e na base aliada do ex-governador Ricardo Coutinho. Praticamente todos os prefeitos devem seguir com o atual governador, bem como vereadores e secretários. A separação deve melhorar a interlocução de João também com o governo federal. O ex-governador, havendo a separação, vai encarnar a parábola da águia que, ao envelhecer, tem que abrir mão das garras, penas e bico para se renovar e “viver outro tanto”. A história é contada por ele a aliados como uma forma de justificar decisões recentes.
No PSB, com a saída de muitas das atuais lideranças, deve restar apenas o grupo mais fiel ao ex-governador. A partir daí, ele tentará a reposição das garras, penas e bico que deve perder na briga com João. O efeito mais curioso disso é que, com o rompimento, o ex-governador voltará a ter o que não tem há anos: um antagonista. (Suetoni S. Maior)

Obs.: Ricardo Coutinho já teve como aliados o senador José Maranhão (nas duas eleições à Prefeitura de João Pessoa, em 2004, quando o então PMDB indicou Manoel Júnior como vice-prefeito, e 2008), o ex-senador Cássio Cunha Lima (na eleição de 2010, ao Governo do Estado), o atual prefeito da capital Luciano Cartaxo (na eleição de 2010) e novamente o senador José Maranhão (na eleição de 2014). De lá pra cá, Ricardo venceu todas as eleições com a ajuda destes e derrotando estes em momentos distintos.

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