sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Alvo da Operação Bleeder, servidor (afastado) do MDR esteve em 2020 no Vale do Piancó, vistoriou obras, dormiu numa fazenda em Ibiara, tudo registrado pela PF...

Celso Mamede de Lima é o servidor do Ministério do Desenvolvimento Regional alvo da Operação Bleeder, deflagrada nesta quinta-feira (18) pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal. Uma coletiva foi concedida na sede da Polícia Federal, em João Pessoa, para detalhar a operação. Veja o papel dele no esquema.

Mamede ocupa a função de Assessor Técnico da Coordenação-Geral de Obras e Aquisições do Departamento de Estruturação Regional e Urbana da Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano no Ministério do Desenvolvimento Regional. Ele foi afastado do cargo por determinação do juiz federal Thiago Batista Ataíde.

Os investigadores apontam Celso Mamede de Lima como braço burocrático da organização criminosa em Brasília. Os indícios mostram que o servidor auxiliou o grupo através de obras e aprovação de projetos. Celso tem como função no Ministério do Desenvolvimento Regional vistoriar, fiscalizar e aprovar os projetos elaborados no âmbito dos convênios realizados entre Governo Federal e os municípios paraibanos.

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O servidor realizou cinco viagens a serviço para a Paraíba, sendo a última entre 06/12/2020 e 17/12/2020. Na ocasião, o técnico visitou Parari, São José dos Cordeiros, São Bento, Brejo do Cruz e São José de Caiana, cidades onde eram executadas obras autorizadas pelos investigados.

Ele também fez viagem ao estado entre 08/03/2020 a 14/03/2020, quando esteve em Riachão do Bacamarte, Gado Bravo, Brejo do Cruz, São Bento e São José de Caiana. Nessa viagem, Mamede foi acompanhado pela Polícia Federal. À época, houve uma vistoria no açude de Gado Bravo, por 20 minutos.

“Um fato que nos chamou a atenção, foi que Celso tinha um veículo a sua disposição, com motorista, mas na saída do aeroporto embarcou no veículo de João Feitosa, como mostra as imagens, e, tudo indica, que do dia 12/03/2020 para 13/03/2020, esteve hospedado na Fazenda de João Feitosa, localizada na zona rural da cidade de Ibiara-PB”, destaca o MPF.

Uma interceptação telefônica mostra o diálogo entre Celso Mamede e uma pessoa identificada como Endrigo. Segundo as autoridades policiais, eles estavam confirmando certos previamente realizados entre outros investigados.

Celso: E aí engomadinho, deu certo aí?

Endrigo: Deu certo.

Celso: Deu?

Endrigo: Deu certo.

Celso: Então tá bom.

Endrigo: Tá bom?

Celso: E aí, como é que estão as coisas?

E-mails, obtidos com autorização judicial, demonstram a autoridade de João Feitosa (que morreu em abril deste ano vítima de Covid) sobre Celso, orientando como ele deveria fazer o trabalho de fiscalização, tratando-o como se fosse funcionário seu. Apesar da atuação no esquema, o Ministério Público Federal não viu necessidade de prisão preventiva, já que, segundo o órgão, “não há provas de que esteja concorrendo em práticas ilícitas na atualidade”.

As medidas impostas a Celso Mamede 

* Afastamento do o cargo de Assessor Técnico da Coordenação-Geral de Obras e Aquisições do Departamento de Estruturação Regional e Urbana da Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano no Ministério do Desenvolvimento Regional, ou outro cargo que ocupe no referido ministério; 

* Proibição de acesso ao Ministério do Desenvolvimento Regional; 

* Proibição ter contato, direto ou por intermédio de interposta pessoa, presencial ou virtualmente, com qualquer servidor lotado no Ministério do Desenvolvimento Regional; 

*A proibição de se ausentar da comarca em que reside, sem autorização Judicial, sob pena de decretação de sua prisão preventiva.

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