quinta-feira, 9 de abril de 2015

Com Dilma isolada, o PMDB comanda Congresso e Planalto, governo e oposição...

No dia [ontem] em que o PMDB assumiu o comando político do governo, a Câmara dos Deputados aprovou a regulamentação da terceirização do trabalho por 324 votos a favor, 137 votos contra e duas abstenções. 
Foi um massacre e mais um troféu para o presidente da Casa, Eduardo Cunha, aquele que cumpre o que promete com uma consistência só equiparável a de Joaquim Levy hoje em Brasília.
O PT tanto encolheu que o PMDB parece hegemônico. Comanda o Congresso e o Planalto, o governo e a oposição. Dilma, neófita na política, passou o primeiro mandato sem fazer política. Perdeu uma chance enorme de ganhar capacidades que agora, na mega crise que gestou, lhe faltam.
Sem Lula e só com parte do PT e seus satélites, a presidente não consegue controlar Temer, Renan e Cunha. Parece controlada por eles. Como disparou o ex-governador petista Tarso Genro em seu Twitter: "É constatação sobre decisão da Presidenta: PT está fora das decisões principais de governo. Que são as de corte político e econômico".
Na economia, a iniciativa é toda de Joaquim Levy. Seu ajuste fiscal é a única coisa que está funcionando no governo. E sua visão da economia é muito diferente da de Dilma.
Colocando nesses termos, quem está governando o país? E isso é bom ou ruim? A tolerância brasileira é nossa maior virtude e nosso pior defeito. Seu poder acomodatício nessas horas nos serve bem.
O PT ganhou a eleição daquele jeito, mas o mesmo eleitorado instalou uma maioria conservadora no Congresso. Aliás, um perfil muito mais representativo do pensamento dos eleitores como atestam as pesquisas de opinião.
A terceirização será seguida por outras agendas conservadoras, do centro à direita, para onde, democraticamente, tende o Legislativo. Acuado pela Lava Jato e a ineficiência política de Dilma, o governo petista promove (ou deixa que promovam) mais uma vez, sem admitir, a agenda que supostamente combate. E isso tem um enorme valor.
Pagando o custo de Dilma 1, podemos em Dilma 2 estar testemunhando o começo de um longo governo de acomodação. Ou não. O cenário segue incerto, mas como a incerteza perdura, é uma incerteza conhecida. O dólar ainda pode disparar, mas voltou a R$ 3.
Essa acomodação é necessária. É a saída. Um caminho vai surgindo. Dilma em sua solidão de segundo mandato, "lame duck" ("pato manco", como os americanos chamam governantes enfraquecidos no final de seus mandatos) ao completar cem dias de governo, um recorde mundial no presidencialismo, pode criar seu legado por omissão, na linha Itamar Franco. Sem demérito algum, muito pelo contrário.
Quem vê que errou e muda é melhor do que quem acerta da primeira vez. Mas isso é ser otimista, e, no Brasil, o otimismo tem perna curta. (com Sérgio Malbergier)

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