quarta-feira, 5 de julho de 2017

Ricardo Coutinho propôs renúncia a Lígia e vaga no Tribunal de Contas, diz aliado.

O governador Ricardo Coutinho (PSB) tem esquadrinhada uma decisão na cabeça: não quer Lígia Feliciano (PDT) no governo. O tema foi abordado pelo próprio socialista, de forma indireta, em várias entrevistas. “Não vou deixar o governo se perceber que o cargo que represento não está devidamente protegido”, ressaltou durante entrevista coletiva no final do ano passado. Mais recentemente, em reunião na Granja Santana, isso foi colocado às claras. No mesmo encontro em que informou à suplente que ficaria no cargo até o fim do mandato, Coutinho teria, segundo interlocutores da vice-governadora, dado uma outra solução. Ambos renunciariam ao mandato em abril do próximo ano.
A relação dos dois é repleta de desconfianças. O cenário apresentado pelo governador, segundo informações de bastidores, passa por compensações. O prêmio de consolação para Lígia Feliciano seria uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A tese é negada abertamente por governistas. Procurados, os conselheiros do TCE dizem desconhecer vaga por ser aberta. Mas a coisa não é, assim, tão descabida. A vaga em questão seria a de Arthur Cunha Lima, ex-presidente do tribunal. O conselheiro, inclusive, enfrenta problemas de saúde, o que seria uma justificativa para a antecipação da aposentadoria. Com 68 anos, ele pode trabalhar, se quiser, até os 75 anos. A compensação seria uma ajuda na eleição de Arthur Filho (PRTB) para a Assembleia Legislativa.
O cálculo é simples: Ricardo Coutinho usaria sua influência parlamentar para garantir o cargo vitalício para a vice. Com isso, ficaria livre para renunciar ao cargo em abril. Ato contínuo, Gervásio Maia (PMDB), enquanto presidente da Assembleia Legislativa, assumiria o governo e convocaria novas eleições em 30 dias, para a escolha indireta do sucessor. O nome cotado para isso é o do secretário de Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, João Azevedo. Investido do mandato tampão, o hoje auxiliar do governo trabalharia pela reeleição com a caneta cheia de tinta e com Ricardo disputando o Senado.
A fórmula não é bem vista por Lígia Feliciano. O acordo não foi fechado, segundo fontes ouvidas pelo blog. As informações sobre esta reunião foram mantidas em segredo até auxiliares do governador revelarem parte do conteúdo. Justamente a que tratava do recado de que Ricardo não vai se afastar do governo. Essa seria justamente a consequência pela recusa de Lígia em relação à vaga no Tribunal de Contas do Estado. A base governista sabe que a ampulheta foi virada e o tempo é um inimigo inexorável. Se ficar no governo, Ricardo terá mais chances de fazer o sucessor, mas ficará dois anos no limbo até poder disputar novo cargo público. As articulações para convencer Lígia a mudar de ideia continuam… (com Suetoni)

Nenhum comentário: