Foto: Deputado Eduardo, Tavolaro, Bolsonaro e Menin... |
Com o lançamento da CNN Brasil, o maior mercado televisivo de notícias da América Latina será impactado pelo surgimento de um novo e poderoso elemento em um território dominado pela Globo News. A CNN Brasil vai compartilhar a mesma marca da rede nos Estados Unidos, pioneira na transmissão de notícias 24 horas por dia, mas funcionará com licença própria, operada e atendida por brasileiros, seguindo o modelo da CNN Turquia e CNN Indonésia.
Em um comunicado divulgado há duas semanas, Rubens Menin, o brasileiro bilionário do setor da construção civil (dono da Construtora MRV Engenharia e do banco Inter) que financia a CNN Brasil, anunciou que o novo canal será administrado por Douglas Tavolaro, que até agora era o número dois da divisão de notícia da TV Record. Menin e Tavolaro foram recebidos pelo presidente Bolsonaro (dias antes da cirurgia) no Palácio do Planalto, para tratar do lançamento do novo canal de notícias.
Desde que Bolsonaro foi eleito, Menin se mostrou um grande partidário do presidente, apoiando sua agenda econômica liberal. O histórico dos fundadores levantou questões sobre a possibilidade de a CNN Brasil ser outra ferramenta de mídia da igreja Universal ou se adotará uma linha semelhante à Fox News nos Estados Unidos – que apresenta reportagens e comentários fortemente favoráveis ao presidente Donald Trump, com quem Bolsonaro é frequentemente comparado.
A força da CNN Brasil
O americano Jeff “Amazon” Bezos poderia comprar a “Folha de S. Paulo”? Só em parte. No Brasil nenhum grupo estrangeiro pode adquirir mais do que 30% de um meio de comunicação. Daí a possibilidade de “laranjas”. A lei precisa mudar, pois o capital externo pode contribuir para melhorar a imprensa patropi e, sobretudo, para torná-la menos infensa ao controle de políticos.
O jornalista Douglas Tavolaro, ex-vice-presidente de Jornalismo da TV Record, e o Rubens Menin, dono da Construtora MRV Engenharia e do Banco Inter — o primeiro entra com o trabalho e o segundo, com o dinheiro —, vão colocar no ar, em 2019, a CNN Brasil. Trata-se de uma parceria e não há evidência de que Tavolaro e Menin — que tem recursos financeiros suficientes — sejam laranjas dos americanos.
Foto: Evaristo Costa, Sérgio Aguiar e Carla Vilhena, são possíveis apostas... |
A CNN Brasil pretende contratar cerca de 400 jornalistas — o que sinaliza que vai cobrir ao menos a América do Sul. Para vice-presidente de Conteúdo, Tavolaro contratou Américo Martins, ex-diretor de Jornalismo da BBC para a Europa e Américas. “Ajudar a lançar a CNN Brasil é um privilégio para qualquer jornalista. Trata-se de uma das marcas mais importantes e com maior credibilidade no jornalismo mundial. Esse projeto é muito importante para a renovação da imprensa no Brasil e é um orgulho participar desse desafio”, afirma o profissional.
A CNN Brasil deve mesclar jornalistas experimentados com profissionais jovens mas com alguma experiência em televisão. Como a TV Globo está rescindindo contratos e alguns repórteres-apresentadores deixaram a empresa espontaneamente — como Mara Luquet e Alexandre Garcia —, a oferta de bons profissionais não é pequena.
Grande audiência
A Rede Globo continua desfrutando de enorme popularidade, com cerca de 100 milhões de espectadores por dia, em grande parte graças a suas novelas. Comparando com a CBS, a rede mais assistida nos Estados Unidos, que tem cerca de 9 milhões de espectadores por dia em seu horário nobre, é possível ver o potencial das redes de televisão no Brasil.
A CNN nos Estados Unidos tem cerca de um milhão de espectadores por dia. A rede de notícias é de propriedade da Turner Broadcasting System, que pertence à gigante das telecomunicações AT&T. Os Estados Unidos têm 325 milhões de habitantes, contra 210 milhões no Brasil.
Tavolaro afirmou que a marca CNN dará prestígio à operação. “Estamos confiantes de que o público e o mercado vão adotar a CNN no Brasil”, concluiu
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