A Polícia Federal em parceria com o Ministério Público Federal desencadeou operação para investigar contrabando da pedra preciosa ‘Turmalina Paraíba’, extraída no município São José da Batalha, através de quadrilha que atua na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Na manhã de hoje, o delegado da Polícia Federal da Unidade de Repressão a Crimes Financeiros, Fabiano de Lucena Martins, confirmou envolvimento de deputado estadual paraibano e revelou que a PF apreendeu na residência dele joias de grande valor, dinheiro em espécie e carro de luxo.
Contudo, o delegado não citou nominalmente o político por defender que essa não é a prática da polícia: “Infelizmente a Comunicação Social não fica ao meu cargo, o que me é passado é que eu não posso divulgar nenhum nome. Mas posso dizer que existe um deputado paraibano investigado”, defendeu.
Ao ser questionado sobre os mandados de busca e apreensão realizados na madrugada de hoje, o delegado afirmou que a casa do político foi alvo da abordagem, muito embora não tenha os valores reais de todo material apreendido: “Carros de luxo, dinheiro em espécie, pedras de turmalina Paraíba, o que é importante para a materialidade delitiva, nós tivemos joias apreendidas, enfim um material bastante interessante para ser analisado”, destacou.
Fabiano de Lucena Martins afirmou ser impossível dimensionar quanto efetivamente foi delapidado do patrimônio público com as extrações irregulares. A operação teve início em 2009 depois de denúncias formalizadas pela imprensa nacional.
O delegado confirmou, ainda, que houve cumprimento de mandado em empresa de extração mineral localizada no município de Monteiro: “A empresa ‘Mineração Silvestre’ da cidade de Monteiro foi investigada, está sendo, mas ainda estamos apurando, não posso dizer o que foi retirado”, se esquivou.
O ‘Modos Operandi’ para a extração e comercialização das pedras no exterior tinha relação a outros tipos da mesma pedra que não tem igual valor ao minério explorado na mina de São José da Batalha, interior da Paraíba.
A ‘Turmalina Paraíba’ é encontrada em cinco lugares no mundo, dois na África e três no Brasil (duas minas no RN e uma na PB), porém a mais preciosa de todas é a encontrada na Paraíba. No Rio Grande do Norte, a pedra é explorada de maneira legal, tendo em vista que lá o minério tem valor inferior. Conforme informações da Polícia Federal, a turmalina extraída na Paraíba era encaminhada ao Rio Grande do Norte, município de Parelhas, para receber selo como se tivesse sido extraída lá.
“A quadrilha pega a pedra extraída na Paraíba, usa a concessão, licença para extração do Rio Grande do Norte para conferir aparência de legalidade. Depois as pedras são enviadas para Minas Gerais, município de Governador Valadares, e lá são lapidadas e seguem para o exterior”, explicou Fabiano Martins.
A quadrilha conta com facilitadores brasileiros e interceptadores estrangeiros que distribuem as pedras em feiras e vendem diretamente a colecionadores em três principais países: “Estados Unidos nas grandes feiras internacionais de pedras preciosas, Hong Kong e Bangkok, na Tailândia”, apontou o delgado da Polícia Federal.
Ainda conforme Fabiano Martins, o nome da operação ‘Sete Chaves’ tem relação a maneiras como os envolvidos tratavam sobre o tema e os cuidados que tinham para que a extração não fosse descoberta: “O nome da operação refere-se aos segredos que devem ser ‘guardados a sete chaves’, a turmalina ele é tida nas altas rodas de altas classes sociais na Europa, EUA, uma reportagem referia-se a turmalina como uma pedra tão preciosa para joalheiras e colecionadores como algo tão valoroso que deveria ser um segredo guardado a sete chaves”, concluiu.
O delegado não informou as datas que a Polícia Federal irá revelar os nomes de todos os envolvidos ou período no qual serão realizados novos mandados de busca e apreensão. Porém, a Polícia Federal dará inicio aos depoimentos das 8 pessoas presas em Minas e na Paraíba e prosseguirá com as investigações.
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