A repentina adesão do deputado federal Wellington Roberto, presidente estadual do PR, e do filho, o deputado estadual Caio Roberto, ao esquema do governador Ricardo Coutinho (PSB) provoca inevitáveis questionamentos. Quais os verdadeiros motivos da adesão? O que está por trás? Quais os projetos políticos envolvidos?
Os questionamentos se justificam ainda mais porque o que se dizia durante o segundo turno da campanha para governador, no passado, era que o governador Ricardo Coutinho se recusara a receber o apoio de Roberto. Ora, como o governador recusa votos numa campanha e pouco tempo depois recebe o apoio que, aparentemente, nem precisa?
A explicação para a parte que envolve Wellington Roberto é fácil. Trata-se de um parlamentar pouco afeito à oposição, que tem um trabalho cujo resultado depende em muito da liberação de emendas parlamentares. Por isso, precisa de governo.
Do outro lado, no entanto, as explicações são mais difíceis. Primeiro, por não existir nenhuma afinidade política entre o governador Ricardo Coutinho e o deputado Wellington Roberto. Em termos de ideias e ideais há um abismo entre ambos. Depois, por que o governo já tem maioria na Assembleia e, em Brasília, o governador já teria as portas do governo abertas.
Só existem duas razões plausíveis. Uma seria a necessidade de o governo compor uma maioria de três quintos (22 parlamentares) ou de dois terços na Assembleia (24), usadas para os casos de aprovação de emenda à Constituição e cassação de mandatos. Talvez não sejam os casos.
A outra seria puramente política. O governador Ricardo Coutinho estaria empenhado em emagrecer cada vez mais as bases políticas do senador Cássio Cunha Lima (PSDB). Esta talvez seja a explicação mais plausível.
Registre-se, a propósito, que o senador Cássio Cunha Lima mudou de estratégia e está reservando os finais de semana para visitas ao interior do Estado. Já visitou três regiões nas últimas semanas. A intenção, certamente, é a de construir a candidatura ao governo em 2018. Por seu lado, o governador Ricardo Coutinho deve ter percebido a movimentação e cuida de fazer minguar as bases de seu principal adversário.
O jogo é que o tucano imagina que, sem Ricardo na parada, tem muitas chances de voltar ao governo. Já o governador aproveita a força do governo para compor uma ampla base política para tentar eleger seu sucessor. Parece ser aqui que entram Wellington e Caio Roberto. (por Josival Pereira)
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